Alfredo da Mota Menezes
Não custa nada repetir dois fatos que, se tivessem ocorridos, Cuiabá e Várzea Grande, como mostrou o Instituto Trata Brasil, não estariam em situações tão vexatórias em saneamento. Cuiabá está em 67º lugar e VG no 89º entre as cem maiores cidades do país.
Em 2002 começou a chegar a Mato Grosso o dinheiro do exterior do Programa BID-Pantanal. O total previsto seria de 200 milhões de dólares ou algo como 700 milhões de reais para, entre outras ações, trabalhar o saneamento das cidades que margeiam rios no estado que vão para o Pantanal.
Além daquela quantia a União deveria entrar com 25% e o estado com 12% de contrapartidas. O total final poderia ser acima de um bilhão de reais. É preciso dizer que o governo FHC assumira a contrapartida de 12% do estado.
Em 2003, inicio dos governos Lula e Blairo, resolveram cancelar o programa. Perdemos mais de um bilhão de reais que seriam de graça. Uma insensatez inexplicável e que ninguém no estado abriu o bico.
Em 2009, Cuiabá e Várzea Grande receberiam, respectivamente, 300 milhões e 150 milhões de reais do PAC Saneamento. A Operação Pacenas, que grampeou empresários manipulando licitações, interrompeu o novo programa.
Se o BID-Pantanal e o PAC tivessem acontecidos as duas cidades não estariam nas incomodas posições que estão em saneamento.
Várzea Grande conseguiu recuperar um pouco daquele antigo recurso do PAC. Com isso é que deu pequena melhorada no saneamento da cidade. Se continuar investindo quem sabe melhore sua posição nas próximas pesquisas. Se acontecer seria a maior vitória da atual administração.
Cuiabá não pode recuperar aquele dinheiro porque fez a concessão de água e esgoto para a CAB que não fez nada para melhorar os índices locais de saneamento. A nova concessionária é a Águas Cuiabá. Campo Grande, que também fez concessão daqueles serviços, está na 26º posição no país. Aqui está entre as piores do Brasil.
O Departamento de Engenharia Sanitária da UFMT, que acaba de fazer um levantamento da situação do saneamento do estado inteiro, poderia ter um grupo de professores e alunos seguindo o trabalho da Águas Cuiabá.
Seguir e falar para a sociedade se ela está ou não cumprindo regras do contrato. Não é possível acontecer outra vez o que aconteceu com o serviço não feito e não cobrado da CAB.
Quem sabe aparecesse também um estudo que mostrasse o quanto Cuiabá e VG gastam em saúde pública por causa do desleixo com o saneamento. O estudo poderia fazer um paralelo entre os gastos dessas cidades e a de Franca, que outra vez ficou em primeiro lugar em saneamento no Brasil. A diferença deve ser enorme. Também a economia é afetada, como consequência do não saneamento, com pessoas não indo trabalhar ou trabalhando adoentadas.
Vem cá, você lembra de alguma manifestação ou debate sério sobre saneamento em Cuiabá e Várzea Grande? Ninguém liga. Perder o BID Pantanal é um exemplo dessa burra indiferença.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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