• Cuiabá, 24 de Abril - 00:00:00

'Ainda é muito cedo para se ter um verdadeiro retrato da campanha', diz Lourembergue Alves


Da Redação - FocoCidade

A leitura do campo eleitoral e do contexto de “pré-candidato” e da “pré-campanha”, é pontuada pelo analista político Lourembergue Alves, em análise para o FocoCidade. Para ele, o sistema brasileiro, em que pese às citações, não abriga tal nominação.

Lourembergue Alves não poupa críticas aos pretensos candidatos, considerando os arranhões do lado da situação e da oposição.

“De início, cabe-me dizer que não existe no país a figura de pré-candidato. Tal figura só existe em um sistema como o dos Estados Unidos, onde os partidos (Democrata e Republicano) registram os nomes dos postulantes a disputa da presidência da República, e estes, cada qual em sua respectiva agremiação fazem uma disputa interna, com comícios e pedidos de votos aos filiados. As disputas para ser o candidato do partido são, em determinadas ocasiões, bem mais acirradas que a briga pela presidência do país (vide a disputa entre Barack Obama e Hiilary Clinton dentro do Partido Democrata). Registram-se, portanto, os pré-candidatos. Diferentemente, então, do Brasil. Por aqui, nunca existiu pré-candidato. Nem mesmo em 1965, quando a UDN-MT teve três nomes brigando para ser candidato ao governo do Estado (Fragelli, Garcia Neto e Ludio Coelho). Ludio Coelho foi o escolhido, e perdeu a disputa para Pedro Pedrossian. Se não existe o pré-candidato, não existirá também a pré-campanha. Mas, sem dúvida, a fase vivida serve para a articulação de possíveis nomes e de alianças”, explica.

É nesse cenário que para Lourembergue Alves, o contexto eleitoral poder ser atingido por especulações e ainda pela falta de habilidade de pretensos candidatos.  

“Fase em que a especulação e a plantação de notícias são bastante freqüentes. Bem mais que as notícias reais. Pois são estimuladas pelos próprios políticos, especialmente aqueles interessados em determinadas situações que venham lhes favorecer. Tentam criar um dado ambiente. Isto se dá particularmente em um cenário como o que se tem hoje, com os partidos de oposição completamente perdidos, que não foram capazes de construírem uma candidatura forte, com densidade eleitoral, a partir de 2015. Por isso, falaram em Antônio Joaquim, apesar da sua impossibilidade, e até em Zeca Viana, agora por último em Otaviano Pivetta. Desarticulação, desorganização e incapacidade marcaram a oposição.”

Para ele, as “falhas” também são evidentes na situação, ou seja, na gestão Pedro Taques (PSDB). “Mas as coisas também não andavam boas para o lado da situação. O governador Pedro Taques, embora tenha vivido na história regional a mais longa lua-de-mel com a população, se perdeu com a falta de planejamento e de planos de ações, pois montou um secretariado muito ruim. Apareceram os desgastes, que se ampliaram com o não-diálogo com o funcionalismo estadual com relação ao RGA, e se tornaram mais perigosos com as dificuldades financeiras, mesmo diante da crescente arrecadação, o que provocou repasses a menor para os poderes e falta do cumprimento com a saúde, em especial com os atrasos aos repasses aos hospitais e às prefeituras e com o fechamento das portas para o atendimento de saúde do servidor.”

Embaraços na atual administração

“Velhos problemas. Não solucionados. E para complicar, as chamadas obras da Copa continuam emperradas. Cresceram os descontentamentos, decepções e insatisfações. Diante disso, partidos e políticos, que faziam parte da base aliada, passaram a desencadear uma saraivada de críticas no governo. O próprio vice-governador em lances desrespeitosos via rede social e veículos de comunicação, atacava o governo que ele próprio fazia parte. Isto aconteceu até na véspera de quando ele renunciou ao cargo, pois caso assumisse o posto de governador, na ausência do titular, poderia impedi-lo de candidatar-se ao Senado. Assim, partidos e políticos, durante todo o tempo na situação, ofereciam de mão beijada tudo o que a oposição precisava.”

Nomes postos

“Mauro Mendes ganhou espaço. Filiou-se ao DEM, juntamente com parlamentares de sua antiga agremiação (PSB). Os democratas se fortaleceram. Pois conta com dois nomes expressivos: Mauro Mendes e Jayme Campos. Ao passo que a figura do governador enfraquecia. Muito mais em razão da sua inabilidade em dialogar e na articulação, pois até a sua sigla, o PSDB, se encontra completamente dividido. Dividido como também está o DEM, com parte de seus membros prefere apoiar o governador, enquanto a outra, mais graúda, advoga candidatura própria. Foram realizadas três pesquisas para o consumo interno, e nas três o governador aparece com uma ligeira vantagem dos demais supostos concorrentes. Inclusive do Wellington Fagundes que tem se mostrado disposto a concorrer, e está correto, uma vez que não tem nada a perder, pois ainda se encontra no meio de seu mandato de Senador, mas não possui discurso, nem ideia de um programa de governo. Tenta se valer, tal como fizeram e fazem todos os políticos, da retórica, de frases de efeito, vazias e sem substância alguma.”

Projeção

“É desta forma que os principais atores regionais vêm se posicionando. Poderão se fortalecer. Evidentemente que podem. Mas ainda é muito cedo para se ter um verdadeiro retrato da campanha, que só se iniciará a partir do dia 16 de agosto. Uma campanha curta, e com a proibição da doação de pessoa jurídica. O que pode favorecer a quem se encontra à frente do governo.”




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