• Cuiabá, 19 de Abril - 00:00:00

Discurso não é “embromation”


Onofre Ribeiro

            É da cultura brasileira dar recados nos discursos. O que não se pode falar abertamente costuma ser dito de forma velada nas falas. Ou então aquilo que se deseja que fique público e não se restrinja a conversas privadas. Discurso tem desculpa pra tudo.

            Mas o discurso a que me refiro neste artigo está mais pra conteúdo. Não só das falas. Dos propósitos, principalmente. O exercício da política foi decaindo no conceito popular até chegar ao atual descrédito. Por detrás tem muita coisa. Uma delas foi a perda da capacidade de comunicação entre os anseios da sociedade e a cada vez mais reduzida capacidade de respostas do meio político. Com isso, gradualmente, aumentou a distância entre essas duas pontas.   

            Discurso no sentido proposto aqui é uma linguagem de comunicação. Frustrado com a política o eleitor e os cidadãos estão com o pé atrás. Mas colocarão fé em que lhes disser propostas concretas que respeitem as suas ansiedades. Coisa que não se vê há muito tempo. Os políticos tem usado falas muito genéricas que não chegam sequer a ser propostas.

            Esse período do PT no governo mostrou com mais clareza o quanto o governo pode machucar as pessoas coletivamente e individualmente. A sociedade está machucada e  frustrada demais pra acreditar em propostas genéricas. Quem se dispuser a se candidatar a qualquer cargo eletivo, deve pensar mil vezes antes. O que direi ao meu eleitor que responda às suas necessidades? Não precisa ser no campo material. Pode e deve ser no campo das realizações que mudem a sua vida. Aliás, de preferência!

            Tem que ser claro o bastante pra que o eleitor entenda que quem pede o seu voto terá a capacidade de efetivamente realizar mudanças. Promessas genéricas assustam, conhecendo-se a capacidade do Estado de arrasar com a vida das pessoas.

            Marqueteiro de efeitos especiais na vã ilusão de que está construindo a imagem de candidatos já está fora de moda. Poucos efeitos e muito realismo. Não tem outro caminho. Não tem mais espaços pra “embromations”!

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br  www.onofreribeiro.com.br




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