• Cuiabá, 19 de Abril - 00:00:00

Desenvolver pessoas: você está disposto?


Silverton Corcino

Olá, caro leitor.

Sou Silverton, trabalho com a Coach Cynthia Lemos, essa que escreve semanalmente artigos sobre desenvolvimento humano. Nesse artigo ela me incumbiu de uma tarefa desafiadora, de compartilhar com você leitor um pouco de minha trajetória e desenvolvimento pessoal.

Sou estudante de Psicologia, analista de RH e apoio nas atividades de desenvolvimento humano na Grandy Desenvolvimento Humano. Sou aluno aplicado, gosto de ler, sempre me cobrei por boas notas e sou adepto da teoria Psicanalítica. Porém a falta de experiências práticas e o trabalho em algo muito estático por algum tempo, me faziam ter uma visão limitada da minha futura profissão, na empresa onde trabalhava era um funcionário bom, mas de certa forma também limitado, pelo meio e por mim mesmo, até que ocorreram algumas mudanças na minha vida profissional.

Há cerca de 7 meses fui desafiado a fazer uma escolha bastante difícil, trocar um emprego relativamente estável por uma experiência na área em que estudo, na qual nunca antes tinha tido contato na prática, e mais, a princípio essa nova etapa seria em forma de estágio e apenas durante o período de licença maternidade de uma colega. Era tentador e importante ao mesmo tempo, eu sabia que teria oportunidade de aprender muito, porém teria de sair de um trabalho no qual já estava há anos, onde pensava que trabalharia ali até me formar, e quem sabe até prosseguir ali mesmo na nova profissão.

Mas decidi sair e assumir o risco do desafio, foi difícil tomar a decisão, colegas me diziam que era muito arriscado, na verdade era mesmo, foi difícil comunicar a decisão na empresa que estava há tempos e justiçar o motivo da saída. Mas eu queria a experiência, e mesmo se durasse apenas o período de licença da minha colega, eu sabia que ainda assim valeria a pena.

No começo na nova função tive muitas dificuldades, em alguns momentos eu não me sentia adequado, parecia não fazer parte daquilo, não saber fazer as coisas do modo certo, me frustrava, eu percebia, por exemplo, que não adiantava força bruta, precisava de um certo jeito de fazer, que eu ainda não sabia, vontade parecia não resolver. Más eu tinha vontade! Vontade e o tempo me fizeram aprender.

Lembro-me que eu era bastante tímido, tinha medo de falar e me posicionar, medo de errar, hoje percebo isso, e me entendo, eu nunca tinha trabalhado com nada parecido antes, tudo era novo! Às vezes deslumbrante demais, às vezes enigmático, às vezes eu nem mesmo entendia, tudo acontecia muito rápido, eu estava trabalhando com uma Coach que desenvolvia pessoas, eu seria uma delas.

 Comecei a ser desafiado a fazer um monte coisas que nunca tinha feito, receber pessoas importantes, diretores de empresas, resolver problemas, em todas as tarefas ela, a minha Coach, me ensinava detalhe por detalhe, às vezes eu achava detalhista demais, repetia coisas a meu ver sem necessidades, mas com esse detalhismo e repetições sem perceber, eu me inteirava do negócio, e sem perceber estava absorvendo a essência e a filosofia da empresa, isso acontece até hoje.

Não era fácil! De início me lembro que sofri bastante, eu precisa aprender, e mais importante, notei também que eu precisava aprender a aprender, em alguns momentos eu não me deixava aprender, não tinha paciência comigo mesmo, para mim não ser bom no que estava fazendo era frustrante! Errar para mim era uma tragédia! (Acredito que ainda tenho um pouco disso), e em todas as vezes que algo não saia bom, ela me falava que não estava bom, explicava o porquê, e como poderia fazer para que nas próximas vezes não errasse novamente.

Aqui está um dos maiores aprendizados que tive, e se resume bem numa fala recorrente da Cynthia, “Existe o tempo natural das coisas”, respeitar meu tempo de desenvolvimento foi fundamental para meu desenvolvimento. A paciência que eu não tinha comigo mesmo, ela soube ter, isso fazia toda diferença.

Lembro-me, que algumas vezes eu frustrado com meu desempenho, ia pra casa na certeza de no outro dia falaria com ela sobre minha saída, no outro dia ela sabiamente “sumia”, quando aparecia estava com o sorriso no rosto (como quase sempre), estava tudo bem, o clima estava tão bom, que nem mais fazia sentido para mim falar sobre desligamento, o motivo parecia nem se lembrar mais. Assim eu me aceitava como imperfeito, como alguém que está aprendendo, e me perdoava. Se até ela tinha “perdoado”, porque eu não?

E o tempo foi passando, muitas das coisas que tinha dificuldade em fazer foram se tornando mais fáceis, a repetição, as explicações extensas da Cynthia sobre questões aparentemente simples, me faziam criar ideias e conceitos sobre a essência da empresa que eu aplicaria em situações novas que me apareciam no dia a dia, assim em algumas situações eu passei a tomar iniciativa por conta própria, resolvia coisas com clientes e fornecedores, baseado num bom senso, mas principalmente por eu ter absorvido a essência do negócio, desenvolver pessoas. Essência é outra palavra que a Cynthia repete muito no dia a dia.

Hoje ao compartilhar essa história com vocês, e faço isso com orgulho e gratidão, percebo que evolui, daquele estagiário que acreditava ficar pouco tempo, e para aprender, de fato ele aprendeu, e aprendeu também a observar pontos em que ainda precisa melhorar, ainda sou bastante crítico em relação a mim mesmo, porém me aceito, e assim consigo mudar, ou lido melhor.

Surpreendo-me às vezes em ver a Cynthia contar minha trajetória para alguns clientes de Coaching, em empresas, ou me pedir, por exemplo, para eu dividir com ela esse espaço, para que assim outras pessoas ao lerem esse artigo, percebam que esse processo requereu por parte dela dedicação, vontade e insistência em desenvolver pessoas, por minha parte, força de vontade, minha constância ao insistir diariamente em buscar fazer sempre o melhor, me deu com o tempo consistência, maturação, pois só adquire consistência aquilo que tem constância.

Minha colega voltou de licença maternidade, nos trouxe a Júlia, xodó da Grandy, e eu fui convidado a continuar na empresa, lá se vão 7 meses de muito aprendizado, o que vivi nesse período não é mensurável, 5 anos de curso não podem explicar um só ser humano, trabalhar com pessoas é muito rico, como disse ao começo, é enigmático! Deslumbrante! Às vezes parece algo até simples, mas é sempre diferente da idéia, que quase tinha, antes de conhecê-las.

Mas voltando a meu caso, o que aconteceu àquele estudante de Psicologia, com ideias rígidas sobre o ser humano, que justificava isso tirando boas notas na faculdade, mudou tanto durante tão pouco tempo? Ao mesmo tempo foi também forte e resiliente o bastante para suportar tantas mudanças, ampliação de conceitos, flexibilidade para lidar com situações difíceis como percebo hoje. Será que era eu mesmo? E se era o mesmo, porque o de hoje se difere tanto do de antes? Não chego a uma conclusão fácil sobre isso. Como diz Machado de Assis ao final de Dom Casmurro: “e o leitor há de concordar comigo também, estavam um dentro do outro, assim como a fruta está dentro da casca, tinha dos dois nele mesmo. Pessoas são incríveis.”

Certo é que a força de vontade de minha parte foi fundamental para que eu me propusesse e me mantivesse firme ao objetivo de aprender, apesar das dificuldades, me arriscar saindo de uma zona de conforto, ou seja, trabalhar em algo na qual eu já dominava, mesmo sabendo que tinha poucas chances de crescer, foi uma decisão difícil, mas importante, o pontapé inicial dessa trajetória. Sobre isso diz Freud: “Quando a dor de não estar vivendo for maior que o medo da mudança, a pessoa muda”. A dor faz parte da mudança, mesmo que pra melhor.

Devo me formar ao final deste ano, o Coaching, a Psicologia e trabalhar com o desenvolvimento de pessoas modificaram minha visão de mundo, de pessoas, de teoria e prática, vejo que experiências como a minha são fundamentais para a futura profissão, e vivê-la pessoalmente, é algo mais rico ainda. Quero em minha futura prática profissional ajudar também a desenvolver pessoas, hoje vejo isso como uma missão de vida.

Algum tempo atrás vi uma postagem em uma rede social que me chamou atenção, uma pessoa escreveu a seguinte frase: “Constância e consistência, as duas mais belas palavras da língua portuguesa”. Essa frase ajuda também a entender um pouco de tudo isso.

 

Silverton Corcino de Araújo é analista de RH na Grandy Desenvolvimento Humano, graduando em Psicologia, atua como apoio na área de desenvolvimento de pessoas ao lado da Coach Cynthia Lemos em eventos, palestras, treinamentos e Processos de Coaching em Grupo. Contato: suporte@grandy.com.br




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