• Cuiabá, 19 de Abril - 00:00:00

Marrafon destaca prioridades na Educação e mira reeleição de Taques


 - Foto: Foto: Andréa Lobo - Gcom
Sonia Fiori - Da Editoria

Apontado por muitos como um dos poucos da cozinha do governador Pedro Taques e sempre elogiado pelos resultados que apresentou desde que integra a equipe do Governo do Estado, primeiro como secretário de Planejamento e depois como de Educação, pasta a qual assumiu após uma das mais graves crises, Marco Aurélio Marrafon tem relações muito além das fronteiras políticas e administrativas de Mato Grosso.

Com relações importantes no mundo jurídico, principalmente entre alguns ministros das mais altas Cortes de Justiça, Marrafon se destaca dentro de uma administração que encontra gigantescas dificuldades por causa da crise econômica.

O sucesso de Marrafon incomoda tanto aliados como adversários, pois começa a credenciar o mesmo, como muitos do passado que passaram pela poderosa Secretaria de Educação de Mato Grosso que tem um orçamento de aproximadamente R$ 3 bilhões em 2018.

O secretário assegurou mudanças substanciais na área educacional, partindo da dinâmica da transparência que projeta superação aos dias amargos à administração do Estado, leia-se a gestão Permínio Pinto na esteira da Operação Rêmora.

Em maio de 2016, Marrafon deixou o Planejamento do Estado para no comando da Seduc implementar nova plataforma de ensino na rede pública estadual, pensando em avanços na qualidade, e na defesa veemente da reestruturação da área e valorização do profissional da Educação.

Nesta entrevista ao FocoCidade, Marrafon que assumiu recentemente a presidência do PPS de Mato Grosso, substituindo um dos principais líderes políticos do Estado, o ex-prefeito de Rondonópolis, Percival Muniz, descreve um cenário em que os trabalhos seguem rumo ao projeto de reeleição do governador Pedro Taques.

Sob Marrafon, o PPS atua no respaldo à construção de uma chapa majoritária que tentará resgatar ex-aliados, além de seguir plano de consonância. Nesse aspecto, confia na possibilidade de assegurar a reedição da aliança com o DEM do ex-senador e secretário de Assuntos Estratégicos de Várzea Grande, Jaime Campos.

O partido caminha sob o prisma da transformação na arte da política. Marrafon integra o Movimento Agora, que tem na figura do apresentador Luciano Huck um dos expoentes da defesa de renovação nos parlamentos. Mas assinala que diante de mais uma negativa de Huck sobre uma candidatura à presidência, a tendência é seguir o projeto nacional do PSDB.

Reservado, ele prefere não comentar seu projeto político, em eventual disputa a cadeira na Câmara Federal. No discurso, o secretário deixa nas entrelinhas o foco nas Eleições 2018, considerando política de convergência para firmar uma coesa aliança, e nesse aspecto, reflete sobre as perspectivas de composição com o ex-prefeito Mauro Mendes.

A grande “tacada” que Marrafon poderá dar e que ainda deverá potencializar ainda mais seu poder de barganha político, é a possibilidade do atual chefe do Executivo, Pedro Taques, se filiar ao PPS para aparar as arestas dentro do ninho tucano, o que demonstra a preferência e confiança do chefe do Executivo em sua pessoa, na sua força administrativa e agora política, em alguém que pode assumir seu espólio político.

Confira a entrevista na íntegra:

Secretário, quando assumiu a pasta imprimiu uma nova política primando pela transparência. De lá para cá nesse período de gestão, quais os principais pontos checados na questão de irregularidades?

Logo no início a gente fez um grande momento de auditorias. Encaminhamos todos os processos para a Controladoria Geral do Estado para dar os devidos processamentos, os devidos processos e também algumas políticas preventivas que foram muito importantes, como a instituição da Sala da Transparência, uma regulamentação do próprio diálogo com os fornecedores. O diálogo é importante, mas a gente gostaria de colocar isso de maneira mais organizada dentro da secretaria, também pontos de controle e monitoramento dos processos para que não parassem porque justamente esse descontrole, a falta de transparência que gera processos de corrupção. E logo na sequência um dos programas estratégicos durante todo o ano foi o programa de Compliance e Integridade, de Conformidade. A ideia é promover a cultura da prevenção e combate à corrupção, desde de questões menores no dia a dia como por exemplo, furar uma fila, até questões maiores. Então a gente fez todo um processo de Compliance que primeiro a equipe mais estratégica assinou e fez os cursos, como o Núcleo de Conformidade e Compliance de Integridade, depois todos os superintendentes, coordenadores, todos os servidores, foi um concurso de integridade para fomentar essa cultura da ética na administração pública. Esse processo tem gerado resultados muito positivos. Alguns servidores até brincam: ‘nossa, agora até quando atravesso a rua fora da faixa me sinto meio mal por conta disso’. Foi uma professora que falou isso e achei muito interessante porque isso mostra que mudando a cultura que você melhora os processos internos de gestão pública. E também é preciso dizer que a gente teve mais de 100 licitações durante o ano de 2017. A secretaria é muito grande, desde material escolar até obras, temos aí uma grande gama de licitações que são feitas e as comissões funcionaram direitinho, o índice de recursos foi muito baixo. A competição dessas empresas foi muita alta com índices de competição muito acima das médias dos anos anteriores mostrando toda essa cultura que a gente está implantando.

Apesar de todo esse avanço na gestão na questão de licitações, o senhor acredita que a burocracia interfere muito nos processos?  

Muito. O Estado brasileiro hoje não tem mais capacidade de fazer as entregas na velocidade que a população demanda. Nós vivemos hoje um tempo pós-moderno, um tempo de WhatsApp e as pessoas em geral mais ansiosas e a população está muito carente. E a forma burocrática do Estado brasileiro impede que um gestor consiga fazer as entregas no tempo. É preciso então um tempo de maturidade, um tempo de diminuir esses processos para poder fazer alguma entrega.

E a forma burocrática do Estado brasileiro impede que um gestor consiga fazer as entregas no tempo.

É um dos entraves na Pasta?

Diariamente. São decisões às vezes muito rápidas que precisam ser tomadas e eu brinco, são decisões ‘trágicas’ e a gente tem que tomar sempre dentro da legalidade e conformidade para poder fazer tudo como deve ser feito de maneira correta.

A realização do concurso público se dá num período de extrema dificuldade da gestão pública e o senhor disse que havia a reserva, planejamento. Foi formada agora uma comissão sobre o cadastro reserva. Já tem um entendimento sobre esse questionamento?

O concurso público é uma questão muito importante para os trabalhadores, profissionais da educação. Nós cumprimos todos os compromissos. O governador Pedro Taques cumpriu a determinação dele, da época de campanha que ele tinha feito esse compromisso. Não só de manter a lei do aumento que ele manteve. O profissional da Educação já teve no Governo Pedro Taques mais de 44% de aumento, considerando o RGA que foi pago os aumentos reais sobre o total, e a gente abriu concurso para todas as categorias de profissionais da Educação. É preciso explicar, também, que não haverá aumento de cargos e vagas, pois os profissionais já estão nas escolas e recebendo seu devido salário. O concurso substituirá temporários por efetivos, com a perspectiva de economia em razão da redução de contratos temporários. Então não são apenas professores, é um concurso que foi no limite legal das vagas previstas, que era de 5.748 mais 50% do cadastro de reserva. O que a gente tem trabalhado é justamente isso. Primeiro a determinação de convocar todos no primeiro semestre. A perspectiva é que os chamamentos comecem em março, para entregar os documentos, fazer a perícia médica, porque tem todo um processo burocrático antes da posse efetiva. A ideia é de que no primeiro semestre já esteja o maior número de aprovados com seu devido cargo. Em relação ao cadastro de reserva, a comissão do concurso é bastante autônoma, a gente zelou por isso, porque as pessoas precisam compreender a forma republicana que faz com que o secretário de Estado, que é um cargo político, não tenha poderes sobre a comissão de concurso, que é uma comissão mista junto com a Secretaria de Gestão. E a gente fez um diálogo, recebeu a comissão das habilitadas para poder analisar a situação que também já está no Ministério Público, e o MP deve dar uma orientação. E também uma comissão que foi formada entre a Seduc e a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, para analisar e tratar da questão. Então o modo como eles tratarem será o modo que a gente vai se orientar.

O profissional da Educação já teve no Governo Pedro Taques mais de 44% de aumento.

Do dia em que assumiu a secretaria até hoje, conseguiu atingir a maioria das metas ou as dificuldades de gestão pública podem atingir os planos? E daqui até o final do ano, consegue fechar?

Grande parte. A gente teve um momento em 2016, logo que eu assumi foi um momento de organização interna, estabelecer novos procedimentos, prevenção à corrupção e também de planejamento estratégico do Programa Pró-Escolas. Em 2017 a gente lança o Programa Pró-Escolas com pelo menos 10 projetos estratégicos que todos eles foram executados e já tem uma média de execução acima de 60%. É um programa para dois anos, então as metas que foram colocadas foram ou superadas ou cumpridas. As metas parciais estão sendo bem analisadas e a gente tem mantido monitoramento em todos os programas. E o Pró-Escolas além de ter os quatro eixos de ensino, melhoria da estrutura escolar, a inovação no esporte, nós podemos dizer que ele tem alguns pontos fixos de compromissos que avançaram muito em relação aos projetos que existem. Vamos dizer, aprendizagem, o programa de Escolas Plenas, são as escolas integrais. No primeiro tempo da gestão Pedro Taques havia quatro escolas integrais de ensino médio. A gente avançou para 14, mais a Arena da Educação que dá 15, e este ano de 2018 já entramos com 40 escolas. Então uma evolução muito grande. As escolas Tiradentes, as escolas militares, só havia uma na Capital há mais de 30 anos e implantamos quatro em 2017 no interior e tem mais oito previstas para 2018. Então serão mais 12 escolas militares. No eixo da estrutura, além de mais de 50 reformas, entregamos 20 escolas novas e mais 150 revitalizações de escolas para fazer o volta às aulas. Ainda há escolas a serem revitalizadas, ainda há muitas reformas previstas. A gente precisaria no mínimo de 400 mas no curto intervalo de tempo, considerando a burocracia e a estrutura, a própria dificuldade orçamentária, foi feito muito. Historicamente não tem paralelo esse grau de investimento e infraestrutura. E também na qualificação, no aperfeiçoamento da qualidade de ensino, pela valorização financeira e pessoal do profissional da Educação. Nós implantamos o Núcleo de Qualidade de Vida, esse núcleo já está em vários municípios do interior, mais de 10 municípios, e ele dá o apoio como se fosse uma espécie de Coaching ao profissional, apoio a voz, a postura, à melhoria da autoestima para estar em sala de aula, e também envolve o Programa Amigos da Educação, o Saúde na Educação que foi lançado recentemente, além é claro do concurso público com as 5.748 vagas e mais de 44% de aumento. Então os três anos da gestão Pedro Taques mostrou toda essa prioridade, seja na qualidade do ensino, nas escolas integrais, na estrutura com maiores investimentos de obras, seja na valorização do profissional da Educação com concurso, cumprimento dos compromissos com aumento salarial e qualidade de vida, que é um projeto estratégico que nós temos aqui.

São cerca de 170 mil analfabetos no Estado. Como reduzir esse quadro?

A Seduc já está preparada para fazer o combate ao analfabetismo através do sistema de Educação de Jovens e Adultos. Têm as escolas que possuem o Eja, têm algumas escolas que são específicas para a educação de jovens e adultos, os Cejas. Mas esse sistema não alcançava lugares muito distantes com turmas muito reduzidas. Então tem um programa complementar que se chama Muxirum da Alfabetização, que com turmas de seis pessoas, às vezes numa igreja, às vezes numa casa no interior, vai um formador até os estudantes e geralmente pessoas mais idosas, que não tiveram acesso à alfabetização, e estão recebendo uma alfabetização de qualidade, de metodologia de alfabetização de até seis meses que tem transformado a vida de muitas pessoas. Em 2017, já foram 4,6 mil pessoas dentro desse programa e agora vamos chegar na meta de pelo menos mais 9 mil pessoas em 2018. Então é um programa que está fazendo muita diferença, é um programa complementar ao sistema de educação de jovens e adultos.

A educação básica é de responsabilidade do município. Como está sendo feito o alinhamento da política educacional entre Estado e municípios?

Cada vez mais é alinhado. A gente tem dialogado muito com os municípios, o transporte escolar é compartilhado. Temos buscado fazer o redimensionamento da rede para dar essa continuidade, prioritariamente o Estado tem que estar no último ciclo do ensino fundamental, do ensino médio. Em alguns casos a gente tem atendido o ensino fundamental inteiro e quando há, por exemplo, escolas de campo, escolas indígenas, quilombola, fazer uma parceria com os municípios. A gente vê uma leva de bons gestores municipais em todo o Estado e isso tem facilitado essa sinergia para que a gente possa junto e superar os desafios da Educação.

O senhor assumiu o PPS estadual. Como está sendo pensado o partido no Estado seguindo essa linha de mudanças, movimento de renovação.

Exatamente. O PPS nacional fez uma adesão à parceria com os movimentos cívicos mostrando um modelo de reconstrução partidária. Ele se propôs a se transformar numa plataforma partidária para abrigar os movimentos, e faz parte o Movimento Agora, o movimento que tem trabalhado a ideia de tolerância, de um Estado mais simples, menos desigual, o combate à desigualdade e também muito mais tolerante e sustentável, contra radicalismos de esquerda e de direita, contra pensamentos antidemocráticos ou fascistas. E de outro lado, outros movimentos como por exemplo o Livres, um movimento de pessoas que tem maior identificação com pensamento liberal puro. Eles saíram do PSL por conta da entrada do Bolsonaro, e então pessoas aqui no Mato Grosso como Júnior Macagnan e dr. Weler Peres, e que fazem parte do movimento no Brasil inteiro estavam buscando um abrigo. E essa união que o PPS fez mostrou que o Estado de Mato Grosso hoje é um caso que está servindo de exemplo para o Brasil inteiro, ou seja, de um partido histórico com história muito bela, em que os membros históricos se uniram aos membros dos movimentos cívicos como o Agora e o Livres para construir uma unidade de renovação política com foco específico no Parlamento, uma vez que a gente prega a renovação no parlamento estadual e no parlamento federal, mas aqui no Estado de Mato Grosso é consenso dentro do partido a defesa da reeleição do governador Pedro Taques, a continuidade administrativa e é um processo que está em andamento, que precisa continuar. Então partidariamente o que nós temos de novidade é justamente isso: construir um modelo que dialogue com os movimentos cívicos e que isso possa fortalecer o Parlamento, fortalecer a esfera democrática e o PPS se propôs a fazer isso como embrião para o Brasil inteiro. É nessa leitura que estamos participando do partido.

Houve uma questão que não ficou bem colocada. Alguns citaram a destituição do ex-presidente do partido, Percival Muniz, e o senhor pontuou que o mandato estava vencido, como ele mesmo confirmou. Mas essa possibilidade de saída de Muniz do partido como está sendo aventada, ocorre justamente porque ele tinha posição de não apoiar o projeto de reeleição do governador?

Dentro outros fatores. Esse e outros fatores. A gente estava conversando como você mesma falou, não houve destituição, um processo em que era lícito a nacional reconstruir uma provisória e ela optou por fazer a reconstrução conectando o partido com aquilo que tem se discutido nacionalmente. Também é preciso dizer que nacionalmente o PPS faz uma aliança preferencial com o PSDB, e já vem sendo colocada a proximidade do nosso presidente Roberto Freire com o PSDB, e era um projeto essa renovação pela via dos movimentos. Essa aproximação com o PSDB não estava nos planos do presidente do partido aqui, do ex-prefeito Percival. E isso foi dialogado, foi colocado como opção, de um modo que ele optou de maneira muito livre e lícita de não fazer parte do grupo da provisória e não estando parte ele vai decidir de acordo com a tese dele.

Aqui no Estado de Mato Grosso é consenso dentro do partido a defesa da reeleição do governador Pedro Taques.

Há ainda alguma tentativa de conversa com o Percival Muniz?

Da nossa parte a gente respeita muito a liderança dele. É um grande pensador da política mato-grossense, e tem boas ideias. Nesse momento pode ser que as ideias sejam divergentes no campo da análise da política nacional e local, mas não há nenhuma dificuldade em conversar e compor, porque queremos dialogar. Todo o processo é para isso, inclusive estamos preparando o partido para a convenção, logo na sequência.

O senhor pensa em buscar essa conversa?

Os dois vereadores ligados ao grupo dele, o Thiago (Muniz) e o Fábio (Cardozo) já vieram conversar comigo e a gente deixou muito claro que se eles decidirem, são muito bem-vindos, assim como todo o grupo do Percival se decidir ficar no partido, são muito bem-vindos para vir conversar e compor.

Já foi aventada a possibilidade de o governador Pedro Taques vir a deixar o PSDB e se filiar ao PPS. Isso seria uma alternativa pensada?

O governador do Estado é bem-vindo em qualquer partido se ele queira. Se ele vier estamos de braços abertos para recebê-lo, agora não é algo que está no horizonte, que é compor com a reeleição dele, mas discutir isso em termos de parceria. Eu imagino que inclusive para ele seja mais adequado ficar no PSDB. Caso ele decida, o partido está pronto para recebê-lo, mas a ideia é que ele possa vir pelo PSDB.

O senhor que ocupou a pasta de Planejamento, como analisa essa dificuldade de caixa que é da máquina pública. Vê isso como um empecilho ao projeto de reeleição ou confia que as medidas da gestão conseguirão dar resposta rápida para assegurar o equilíbrio?

Em nenhum cenário projetado a partir de 2015, teríamos um 2016 e 2017 tão ruim do ponto de vista da macro política nacional.  A Secretaria de Planejamento já tinha consultorias de âmbito nacional que indicavam pelo menos um crescimento tímido do PIB nacional, mas o que ocorreu foi a maior crise da história, desde o Império. E isso influenciou a arrecadação do Estado de Mato Grosso. A crise da JBS influenciou a arrecadação, diversos fatores que impediram uma plena saúde financeira. Agora, muito foi feito em termos de reformas. A primeira reforma efetiva ele (Governo) cortou os cargos que prometeu, o corte de custeio foi uma coisa impressionante. Hoje o Estado de Mato Grosso gasta menos que 2012 e 2013, houve enxugamento da máquina sem contar a inflação, ou seja, houve um enxugamento muito grande da máquina no custeio que diminuiu bastante, em torno de 30%. No primeiro ano houve corte muito grande com contratos. Conseguimos uma economia de custeio de aproximadamente R$ 1,2 bilhão somente com a diminuição de despesas públicas e revisão de contratos, conforme apurado pela Controladoria do Estado. A economia de combustível da Sinfra, por exemplo, é uma coisa impressionante, a economia com aluguel de carros, nas novas licitações, é algo impressionante. Só em Softwares e TI economizamos mais de R$ 100 milhões. Então houve as medidas que tinham que ser feitas, adequadas naquele momento. De repente vem 2016 e o impeachment da presidente e a situação financeira do país todo vai para o buraco e certamente Mato Grosso sofreu. Mas com as medidas tomadas em 2017, como a PEC do Teto dos Gastos e também as medidas que estão sendo pensadas ao longo de 2018, a situação tende ao equilíbrio até porque os prognósticos para o futuro são melhores. Em 2018 a gente entende que o Brasil melhora, o Estado de Mato Grosso também já começa a reagir. Toda essa estrutura fez com que não só no Estado mas no Brasil inteiro esses quatro anos fossem considerados o “mandato maldito”, que isso foi  o Raul Velloso que é um grande economista que escreveu numa matéria no jornal O Globo. Muitos estados estão com dificuldades e atrasos e aqui o governador, com muito esforço, vamos pensar, somente o Cira, Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos, que foi uma belíssima iniciativa logo no primeiro ano da gestão. Uma união dos órgãos de controle, Ministério Publico, da Secretaria de Fazenda com a própria Secretaria de Segurança, na época da gestão do promotor Mauro Zaque e do ex-secretário Fábio Galindo, que trouxe a ideia. Somente o Cira recuperou mais de R$ 1 bilhão já. Recursos que eram desviados na gestão anterior e retornaram aos cofres públicos. E isso foram recursos divididos que foram para os municípios, então foi feito muito. É que não se esperava tanta dificuldade no contexto geral e devemos citar outras iniciativas, por exemplo, o Detran, a mudança pela qual o órgão está passando. Tem que melhorar ainda, mas o trabalho que está sendo feito é uma coisa impressionante. O Intermat, a Empaer, são todos exemplos de gestão bem sucedida, só para dizer que eram pontos sensíveis nas administrações passadas.
Então o senhor acredita que recupera em tempo que não irá interferir no projeto de reeleição. Acredito que as coisas estão caminhando para essa recuperação.

Se ele (governador) vier estamos de braços abertos para recebê-lo.

A pontuação do ex-governador Júlio Campos de que o senhor teria falhado na gestão do Planejamento ao considerar um orçamento real para o Estado, deixa mal-estar na relação de aliados para 2018?

De maneira alguma. Vejo isso de maneira muito leve. Na democracia as pessoas tem o direito de defender sua opinião, suas teses. A tese que eu defendo é uma tese muito clara. É uma tese em que você precisa, para dar credibilidade, ter um orçamento real para garantir credibilidade e planejamento à medida em que há frustração, você pode construir e conversar com os Poderes. Agora, o que é muito complicado é uma visão de fazer jogos e fazer um orçamento completamente desvinculado da realidade. É natural que em tempos de crise você faça um orçamento conservador, entre as hipóteses de previsão de receita, você fique com a previsão mais conservadora para não dar a impressão de que está tudo bem e depois tem que ficar cortando. Mas o que havia no Estado de Mato Grosso já há muitos anos, era uma verdadeira simulação de orçamento. As despesas das secretarias não chegavam a julho, porque a despesa existia mas o orçamento não cobria a despesa. E por que não cobria? Porque era menor.

Orçamento subestimado?

Super subestimado. Era um nível de subestimação insuportável. E aí o que aconteceu? Você escondia da população e violava o devido processo legal porque você esgotava o orçamento e começava a fazer a suplementação, com excesso de arrecadação.  E aí falam de aumento. Não houve aumento. Houve o que? O previsto no orçamento mas aquilo que se realizava financeiro dentro do decreto de arrecadação, era praticamente o equivalente ao orçado do ano seguinte, com a correção monetária, por isso parece um pouco de aumento. Na verdade, o que a gente fez foi dar transparência àquilo que era orçado, e a população tinha muita dificuldade de saber pela via orçamentária o que era efetivamente passado aos Poderes, o que era passado para a Educação e ficava tudo num joguete em que você violava o processo legislativo orçamentário. Então defendo o orçamento mais próximo do real. Eu acho que uma posição conservadora no momento de crise é importante, mas que pelo menos esteja de acordo com o que determina a Constituição e possibilitando o planejamento. Muito se fala do orçamento de 2016, mas foi o que permitiu absorver os novos policiais, que aumentou para R$ 300 milhões o orçamento da Segurança. O orçamento real, ele é real não só para os Poderes, mas para a Educação também porque é vinculado, para a Saúde que é vinculado, para a Unemat que é vinculado, ou seja, melhorou o horizonte orçamentário para as secretarias principais e fundamentais do Estado. Então vejo com muita tranquilidade essa defesa, até porque como eu disse, a gente apenas deu transparência e colocou luz naquilo que era feito via decreto de excesso de arrecadação. A sociedade mato-grossense é testemunha de quando de excesso de arrecadação havia, porque o Estado arrecadava muito mais, porque se previa muito menos do que sabia-se que iria arrecadar, para depois fazer esses jogos de decretos.

Nessa questão da arrecadação o governador fez pedido de retenção de parte do duodécimo no custeio, e foi pontuada uma negativa pelos Poderes. Isso decepciona o senhor, nesse momento de crise do Estado?

Eu não tenho opinião formada sobre isso porque estou acompanhando só no dia a dia das conversas, então não posso dizer como está sendo tocado isso. Seria muito prematuro eu emitir uma opinião sobre esse fato. Mas o que eu posso dizer e tenho certeza é que todos os presidentes de Poderes estão tentando contribuir e querem fazer o melhor para o Estado de Mato Grosso. Acho que o diálogo é uma construção que está sendo feita pelo governador e também pelo nosso secretário de Fazenda, o Rogério Gallo, e com diálogo eles devem chegar numa boa composição.

Super subestimado (orçamento). Era um nível de subestimação insuportável.

O senhor defende a revisão de regalias nos Poderes e órgãos?

Sempre. A gente precisa ter uma ideia hoje que a máquina pública ela tem que ser condizente com as necessidades da realidade social, e por isso tem que ser uma máquina mais leve e mais eficaz. A gente não pode admitir o nível de desigualdade que se instaura quando você pensa num serviço público inchado ou que possa ter regalias. Então a gente tem que defender o fim de regalias assim como de outro lado defender a remuneração justa, transparente, condizente com o cargo que a pessoa ocupa. Não é fazer regalias, é assim: se o cargo tem uma remuneração justa vamos defender com transparência essa remuneração.

Um dos principais pontos de questionamentos da sociedade são os subterfúgios utilizados para complementação de salários que extrapolam os limites legais.

A tese que defendo nesse caso é de maneira bem simples. Tem que remunerar de maneira justa, adequada, condizente com a hierarquia e responsabilidade do cargo, e aí não precisar de subterfúgios.

Mas nesse caso, sobre uma revisão da aplicação dos 90% sobre o salário de um ministro do STF?

Aí tem que ver o caso específico, mas eu imagino que algumas carreiras precisam ser devidamente valorizadas e também por isso, não recorrer a subterfúgios. É um diálogo que está sendo feito no Brasil inteiro e acredito que o país irá melhorar porque esse diálogo é aberto, transparente, para poder estabelecer esses parâmetros.

É uma das suas defesas no seu projeto político para 2018?

Ainda não tem projeto 2018.

O senhor não vai ser candidato à Câmara Federal?

Hoje o foco todo é na secretaria. Temos ainda compromissos a cumprir. O meu objetivo agora é fortalecer a formação do Movimento Agora no qual a gente vem trabalhando algumas bandeiras interessantes, de ouvir a sociedade, e até por isso aceitei essa opção para me entregar à vida partidária, mas acredito que nesse momento o foco tem que ser na gestão como secretário nessa construção de uma política. O que já tenho falado há algum tempo é o seguinte: não devem existir projetos pessoais na política, é um equívoco. É preciso pensar numa agenda de ações, e dentro de uma agenda de ações com um grupo você construir possibilidades de candidaturas. Essa agenda não está pronta. Está sendo formada. Na medida em que os debates forem rumando para a formação de uma agenda, depois se pensam nomes, mas isso vai ser num outro momento, numa democracia que se discutam as eleições. Na democracia as eleições são importantes, mas cada coisa tem o seu momento. É ainda um momento prematuro, de formação e compreensão das necessidades do país.

O senhor acredita que nas próximas eleições será marcado o movimento da renovação?

A minha opinião é muito simples. Eu acredito que erra quem acha que vai mudar tudo, assim como erra quem acha que não vai mudar nada. Vai haver sim, há um espaço da renovação. Talvez não tanto quanto nós gostaríamos mas ela vai acontecer. Então quem aposta nos opostos vai mudar tudo, ou não vai mudar nada, vai errar. Quem tiver noção de que o que for bom tem que ficar, aquilo que precisar ser mudado deve mudar, aí é importante essa oxigenação da democracia, da renovação e anseio muito por isso. Tenho certeza que vai avançar.

No nacional, defende a candidatura própria do partido?

O Luciano (Huck) tinha muito envergadura e se viesse para o partido eu seria um que iria defender a candidatura dele à presidência, caso ele viesse a se colocar. Como houve a segunda manifestação dizendo que não é candidato, então por enquanto na nacional a ideia mais forte é da coligação com o PSDB. Aqui no Estado, o senhor acredita que é possível o governador Pedro Taques compor com a maioria que veio com ele em 2014? Sim, acredito plenamente nisso.

Alguns se afastaram, acha que dá para resgatar?

É natural que nesse momento haja uma discussão, que as pautas sejam colocadas, que eventuais correções de rumo sejam apontadas, e é natural que todos se fortaleçam numa união. Acima de tudo são amigos pessoais, gostam um do outro, e tenho certeza que o governador está contando com esse apoio...

O senhor fala do DEM especificamente?

Sim, do DEM, contando não só com esse apoio mas contando que o projeto melhor para Mato Grosso é a união do grupo.

O nome Mauro Mendes causa certo temor como um adversário?

É um nome muito respeitado, que a gente precisa valorizar as ações que foram feitas durante o mandato do prefeito, uma pessoa que tem os méritos para ser governador. E que deve somar com o grupo. Acho que esse seria o grande objetivo, todo mundo somando em prol de uma união. Agora, cada um tem seu tempo. Nesse momento a possibilidade maior é a reeleição do governador.

Daria para compor com o Mauro?

Acredito que sim. O Mauro é companheiro, tem todo direito de dar sua opinião, como também manifestar seus desejos e seus projetos de vida. Isso faz parte do jogo democrático, a beleza da democracia está nisso. Você construir a diversidade e da divergência, buscar acordos convergentes em prol do interesse público. Essa é a beleza da democracia.




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