• Cuiabá, 28 de Março - 00:00:00

Sociedade em rede


Onofre Ribeiro

Neste primeiro artigo do ano nesse espaço, acabo por refletir muitas ideias e conversas acumuladas nas últimas semanas. Confesso: uma certa angústia também. De repente apareceu claramente na tela da humanidade uma extraordinária mudança dos tempos. O coletivo que sempre dominou e submeteu o individual se fragmentou e perdeu completamente a sua força. Todas as ideias, sem exceção, ficaram velhas.

Até hoje, desde o começo da civilização humana a construção dos relacionamentos se fez a partir de uma ideia de poder. Quem detinha força da defesa e da caça, quem detinha mais bens materiais, etc. Poder tornou-se um valor humano na forma vertical. Por isso subordinado a nenhuma cadeia de compartilhamento. Passados 40 milênios, essas necessidades básicas de sobrevivência foram atendidas. As novas cadeias de poder não comportam mais a verticalidade. É indispensável o poder em rede.

E todas as cadeias do poder ainda estão verticalizadas. Sofrem barbaramente a falta de uma linguagem efetiva de rede. Fragmentaram-se todas as instâncias de poder. O indivíduo deseja ser indivíduo de si mesmo. A sua soma faz a coletividade.

Mas as linguagens atuais de poder do Estado, das empresas, das famílias, das religiões, das artes e das culturas ainda estão verticalizadas. Quem mais tem sofrido além da política, é a educação. Imaginada como uma virtude de conhecimento restrito a poucos iluminados caiu no domínio das redes, graças às tecnologias e à internet. Quem comandava verticalmente pelo saber, perdeu-se na velocidade das transformações dos conhecimentos.

Crianças nascem contestadoras da autoridade de comando e de conhecimentos consagrados com seu poderoso instrumento: “por que?”. Insistem sem parar. E sem respostas efetivas de uma sociedade envelhecida.

Neste ano haverá eleições no Brasil. Uma população analfabeta politicamente e angustiada com a política que a subjuga no atraso. Promessa de caos. Sabe-se que é preciso mudar, mas o coletivo é incapaz de sair de debaixo do poder vertical que lhe foi imposto historicamente. Dizer o que? Prometer como sempre? Compreender tudo em tão pouco tempo? Futuro próximo caótico na busca de uma civilização nova que vai nos atropelar com ou sem eleição. Com ou sem eleitor analfabeto.

Uma coisa está bem clara. O indivíduo será o dono das transformações. O coletivo será o resultado disso. É uma revolução transformadora contra os poderes ancestrais de comando pelos interesses dos poucos assentados no topo da pirâmide. 

Eleições da transformação! Transformações com ou sem eleição!

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br




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