Onofre Ribeiro
No artigo de ontem citei aqui o desenvolvimento da maioria das cidades do centro brasileiro de Minas, Goiás e Mato Grosso que percorri em viagem de carro nesses últimos dias. Deixei de citar o Tocantins, Mato Grosso do Sul, oeste da Bahia, sul do Maranhão e do Piauí, onde se repete o mesmo fenômeno da agricultura de larga escala. Atrás dessa agricultura vêm todas as cadeias econômicas do comércio, da agroindústria, da indústria e dos serviços. No futuro próximo surgirão os núcleos de agroindústria de alta tecnologia que mudarão completamente os perfis sociais, econômicos e políticos dessas regiões. Um Brasil completamente novo e impensável há 58 anos quando surgiu Brasília que foi o polo irradiador.
Tenho estudado ao longo dos últimos 40 anos esse movimento do surgimento das migrações no Centro-Oeste brasileiro e depois as consequências econômicas, sociais, políticas e cultura que se produziu. Sem contar as vivencias no interior de Minas e depois os desdobramentos causados por Brasília como capital do Brasil construída no coração da nação. Convivi com o começo de Brasília morando e estudando num novo tipo de educação que se converteria numa profecia de futuro na Universidade de Brasília. Citei o ontem o livro de Darcy Ribeiro “Universidade pra que?”. É um resgate do espírito da transferência da capital do litoral pro interior. Leitura emocionante. (Tem realmente em PDF no Google. Imperdível pra quem gosta de compreender o mundo onde vive).
A UnB criada por Darcy Ribeiro, o seu primeiro reitor, e outros idealistas fantásticos, dizia que o Brasil do litoral não tinha a personalidade da nação brasileira. Era uma caricatura atrasada da Europa atrasada dos séculos anteriores. Era preciso construir um Brasil no interior que aos poucos formasse uma civilização a partir dos valores do desbravamento. Como se Brasília fosse uma pedra jogada na água e os círculos do seu ideal fossem se expandindo na direção do litoral.
Por isso a UnB tinha como missão formar técnicos com profunda formação humanística capazes de conduzir essa transformação. Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Hoje é um fato. O Brasil do interior do Brasil é outro fato! Completamente diferente do litoral. Qualidade de vida humana, pressas e calmarias próprias convivendo com melhor qualidade de vida e perspectivas do que nas grandes metrópoles saturadas do Sudeste e do litoral.
Sotaques diferentes. Humanismo diferente. Economia diferente. Educação pragmática. Projetos de vida possíveis fora da massa de pressão do litoral. Nesses 58 anos depois de Brasília aconteceram misturas raciais e étnicas de grande relevância. Tema pra amanhã.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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