• Cuiabá, 29 de Março - 00:00:00

'O Blairo Maggi não ajudou a me eleger. O Blairo Maggi não fez campanha para mim', dispara Taques


Sonia Fiori - Da Editoria

Dando continuidade à entrevista exclusiva concedida ao FocoCidade no findar de dezembro, o governador Pedro Taques (PSDB) comenta o contexto eleitoral, de modo bastante peculiar, preferindo estrategicamente preservar os planos para as eleições 2018.

Em que pese estar em curso o projeto de reeleição, Taques assinala que só falará sobre o cenário eleitoral no momento oportuno.

Mesmo assim, deixa sinais claros dos contornos que poderão delinear as tratativas entre aliados e “ex-aliados”. Nesse sentido, o chefe do Executivo estadual considera o campo oficial, assinalando que o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, hoje no PP, não o ajudou nas eleições 2014. “O Blairo Maggi não ajudou a me eleger”.

No pleito de 2014, Blairo Maggi então no PR, declarou neutralidade em relação à campanha. A interpretação no meio político foi de que se manter “neutro” fazia parte de uma iniciativa acordada nos bastidores para se eximir do esperado respaldo ao então adversário de Taques, o ex-vereador Lúdio Cabral (PT) na corrida ao comando do Palácio Paiaguás. Isso porque no período, o PR figurava na chapa majoritária do petista com o então candidato ao Senado, Wellington Fagundes.

Um dos maiores indicativos do alinhamento de Blairo Maggi ao projeto de eleição de Taques foi a posição de seu primo, o megaempresário Eraí Maggi, que trabalhou arduamente para a eleição do governador.

Em setembro de 2014, o então candidato ao Governo, José Riva, chegou a tecer análise sobre a posição de neutralidade de Maggi, em entendimento de apoio a Taques. “É natural isso: estamos em uma eleição e as pessoas escolhem um lado. Ele (Maggi) escolheu apoiar o Pedro Taques. Acredito que fez isso porque parece mais fácil. Mas ele está enganado, esse cenário vai mudar”, afirmou José Riva ao site Olhardireto à época.

Maggi tem se mantido na espreita atualmente. Diz que não há nada definido. O ministro é amigo do ex-prefeito Mauro Mendes, que avalia a possibilidade de lançar seu nome novamente na corrida ao Governo (disputou em 2010 o comando do Estado). O bom relacionamento entre Maggi e Mendes preocupa membros do grupo político de Taques, considerando o espólio eleitoral.

Nesta entrevista, o governador suaviza o mal-estar entre ele e o deputado federal Nilson Leitão, pontuando uma incógnita acerca dos rumos no partido.

Taques também comenta o episódio de corrupção na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), assinalando as ações para transparência da gestão pública; o contexto dos grampos ilegais e perspectivas para 2018. Ao final da entrevista, o governador não dispensa mandar recado: “mas é que estou desgostando muita gente. Tô cortando leitinho de muita gente”.

Confira na íntegra a Parte II da Entrevista Exclusiva com o governador Pedro Taques:

Como interpreta também os arranhões para o Governo e que levou à queda de secretários a questão dos grampos. Levando em consideração se o senhor decidir ir à reeleição, teme que isso seja usado como uma arma eleitoral? Como encara isso?

Acho o seguinte. Eu tenho 100 mil colaboradores. O Estado tem 100 mil colaboradores. Eu sou responsável pelas minhas ações. Eu não sou responsável pelas ações dos outros. Aliás, eu pedi para ser investigado. Eu que pedi ao STJ, porque eu não tenho nada a temer. Agora, se o adversário vai usar isso ou não, faz parte do jogo político.

Aliás, eu pedi para ser investigado. Eu que pedi ao STJ, porque eu não tenho nada a temer.

O senhor veio de um trabalho conhecido nacionalmente, na procuraria, e seu Governo foi manchado pela corrupção. Como estão essas ações hoje e se os efeitos das ações de combate à corrupção são os esperados?

Eu imagino Sonia. O meu Governo é marcado pela corrupção. Qual?

A Seduc por exemplo.

Qual outro caso?

A questão da Seduc, arranhou o Governo.

Tá a Seduc. Então vamos lá. Se você comparar ao passado, esse caso da Seduc é muito triste. É um caso que está sendo investigado, inclusive tem pessoas condenadas já. Agora, se foi roubado R$ 1 é grave, como R$ 1 bilhão. Para mim é grave. Agora, o caso da Seduc os valores em tese desviados do Estado não são o que falam na rua. Não são R$ 53 milhões, aliás a Controladoria tem um trabalho em cima disso. O Estado não perdeu R$ 1 milhão, mas se tivesse perdido R$ 1 era grave da mesma forma. Agora, qual outro caso de corrupção no nosso Governo? Aliás, se você pegar a delação do Silval, as 82 empresas nós já tínhamos investigado. A delação do Silval só comprovou o que nós falamos. Você se lembra de outro caso de corrupção no nosso Governo? Eu tive a pachorra dar google nas administrações passadas. Vê três anos, depois, quantos casos de corrupção tinham. Tenta fazer isso.

Nessa questão de reformas, o senhor vem fazendo mudanças no secretariado, algumas soluções caseiras. Pode ser ampliada no próximo ano até para acomodar aliados no projeto de reeleição?

Eu não penso em reeleição. Só vou pensar em eleição depois da Semana Santa. Depois da Semana Santa eu vejo isso. Os secretários que são deputados, secretário Max Russi, secretário Wilson Santos, secretário Avalone, eles deixam o Governo no dia do prazo legal, até o final de março eles deixam o Governo, o que já está combinado. Não tem nenhuma crise. Nós inclusive já estamos trabalhando junto com eles os substitutos.

Agora, o caso da Seduc os valores em tese desviados do Estado não são o que falam na rua.

Recentemente foi posta uma pesquisa Ibope, encomendada pelo Diário de Cuiabá, onde fazem uma projeção. Como o senhor vê, por exemplo, o nome do ex-prefeito Mauro Mendes? Ele é uma preocupação?

Eu não tenho tempo para ter preocupação porque só vou pensar em eleição no ano que vem. Nem li a pesquisa. Aliás vou levar nas minhas férias para ler muita coisa, entre eles a pesquisa.

Ainda no cenário político, pensa em trabalhar com aliados e muitos que foram nas eleições 2014?

Como assim?

Por exemplo, o Blairo Maggi.

O Blairo Maggi não ajudou a me eleger. O Blairo Maggi não fez campanha para mim.

Mas está sempre colaborando com o Governo.

É obrigação dele como ministro e como senador colaborar com o Governo.

É um apoio que o senhor vai buscar?

Vou pensar em eleição só após a Semana Santa.  

Na seara do PSDB. Como está sua relação com o deputado Nilson leitão?

O partido tem posições diversas. O deputado Nilson Leitão tem posições diversas a minha, mas não sou inimigo do Nilson Leitão. Não sou adversário do Nilson Leitão. Nós teremos uma conversa em janeiro para tentar resolver essas pendências. Normal.

O Blairo Maggi não ajudou a me eleger. O Blairo Maggi não fez campanha para mim.

Esse anúncio que o Paulo Borges fez de deixar o comando da MTI ( Empresa Mato-grossense de Tecnologia da Informação) para se dedicar ao partido, alegando que já havia combinado. Não houve um mal entendimento?

Quando o Paulo Borges assumiu a presidência do PSDB ele veio aqui me comunicar, e disse que sairia da MTI para ajudar o partido no ano que vem. Ele disse que iria sair da MTI.

Hoje o senhor não pensa em hipótese nenhuma de deixar o partido?

E só penso em questões políticas ano que vem. Agora não. Agora estou tentando pagar as contas do Estado e sair de férias por 10 dias, descansando um pouco porque preciso descansar.

Mas é que estou desgostando muita gente. Tô cortando leitinho de muita gente.

Como está sua saúde, e considerações finais.

Minha saúde, estou na quarta pneumonia em dois anos, vou sair uns 10 dias para descansar e vou voltar para trabalhar mais forte ainda. A orientação médica é que diminua o ritmo de trabalho, mas eu não vou diminuir. Agradeço, sou otimista e ano que vem, queremos um ano melhor. Não será ainda o ano dos nossos sonhos, mas nós estamos trabalhando muito para que Mato Grosso passe essa fase. Eu tenho a perfeita noção de que alguns não concordam com a forma com que administro. Mas é que estou desgostando muita gente. Tô cortando leitinho de muita gente.




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