• Cuiabá, 28 de Março - 00:00:00

Pedro Taques diz que 2018 será um ano de retomada, mas em ritmo moderado


Sonia Fiori - Da Editoria

Em meio a um dia atribulado, focado no desafio de repartir os recursos do FEX (Auxílio Financeiro de Fomento às Exportações) de quase R$ 500 milhões ao Estado num quadro em que o volume devido supera a cifra repassada, o governador Pedro Taques (PSDB) recebeu o FocoCidade na quarta-feira (27), no Palácio Paiaguás, para uma entrevista exclusiva em que retrata a gestão pública de Mato Grosso ao fim de três anos de mandato.

Na leitura geral, o chefe do Executivo estadual ressalta ter o Estado atravessado a maior crise da história do país sentindo os reflexos nefastos da redução de liquidez no caixa público, que somados aos efeitos de ações e leis aprovadas na gestão do ex-governador Silval Barbosa, despencaram como uma gigantesca onda nos cofres, leia-se aumentos concedidos ao funcionalismo pelo peemedebista que sobrecarregam a folha e arranham a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

O contexto amargo, de falta de fluxo financeiro, levou ao atraso em repasses como o duodécimo aos Poderes Constituídos e órgãos, que o Executivo pontua esforços para solucionar, dependendo necessariamente da colheita de resultados por meio de medidas como a Emenda Constitucional que limita os gastos públicos e estima economia de R$ 1,3 bilhão.

Taques considera avanços. O deficit delineado em R$ 1,5 bilhão para o atual exercício chega ao final deste ano reduzido a aproximadamente R$ 800 milhões após o caixa ser impulsionado por ajustes e recebimento de parte da dívida ativa.

O governador, que sofreu demasiado desgaste em 2016 em questões como o pagamento da RGA (Revisão Geral Anual) aos servidores, e ainda em relação ao escalonamento neste ano de um percentual da folha, diz confiar na recuperação da administração pública de Mato Grosso mesmo que os passos não sejam no ritmo desejado.

O novo momento da gestão estadual é assinalado com cautela. Pedro Taques prevê 2018 como um ano melhor, mas de restabelecimento moderado, do exercício de adequações com exímio esmero em debates acerca de reformas como a Tributária e a Previdenciária, nesse caso o calcanhar de Aquiles do Estado.

O chefe do Executivo estadual está convicto sobre a evolução dos planos para garantir não apenas o buscado equilíbrio fiscal e financeiro, como também instituir resoluções para minimizar gargalos em setores como a Saúde.

Confira a Entrevista da Semana Parte I na íntegra:

Recentemente o senhor fez uma análise rápida, acerca de três anos de gestão e fez um pedido de desculpas à população pelas ações não concluídas.

Não foi isso, não das ações não concluídas. Eu pedi desculpas ao cidadão porque não resolvemos todos os problemas do Estado de Mato Grosso.

Quais problemas não resolveu e gostaria de ter resolvido.

É impossível você resolver todos os problemas do Estado em três anos, diante do descaso e da irresponsabilidade das administrações passadas. Impossível. Esse é o primeiro ponto. Segundo ponto, nós vivemos a maior crise da história do Brasil, quem disse isso foi o ministro da Fazenda (Henrique Meirelles) no programa do PSD anteontem, aliás um programa muito bom. Eu assisti. É impossível, e eu não sou Deus, sou um pecador. Tá escrito lá. Primeiro que nós temos um deficit em todas as áreas de Mato Grosso, e esse deficit não começa no dia 1º de janeiro de 2015. O deficit de segurança, por exemplo, tem mais de 10 anos antes de 2015. Eu fui eleito não para ser Deus, não sou Deus. Sou um pecador. Não temos como resolver tudo. Daí eu disse isso para o cidadão.

A saúde é o pior gargalo do Governo?

A saúde é um problema no mundo todo, no Brasil inteiro. Aqui em Mato Grosso nós pegamos uma secretaria totalmente desmontada. Apesar da qualidade dos servidores, uma secretaria totalmente voltada para outras coisas, apesar da qualidade e honestidade dos servidores. Nós estamos organizando a Saúde, até uns 40 dias atrás eu dizia: nós ainda não viramos a chave da Saúde. Nós já estamos virando a chave da Saúde. Já temos resultados positivos na Saúde. Esse é um ponto. Nós não vamos resolver o problema da Saúde de Mato Grosso em quatro anos, em oito anos, em 12 anos, porque a Saúde curativa é muito cara. Então nós não vamos resolver em 10 anos, ou 15 anos. Nós vamos diminuindo os problemas da Saúde e isso nós temos feito.

É impossível você resolver todos os problemas do Estado em três anos, diante do descaso e da irresponsabilidade das administrações passadas.

Numa apresentação de metas fiscais, o secretário de Fazenda Gustavo de Oliveira apresentou projeção de deficit de R$ 1,5 bilhão para o atual exercício. Agora, a projeção fechou assim?

Já avançamos. Deveremos fechar com deficit de R$ 800 milhões.

Isso por conta de quê?

Por conta do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), que nós criamos, foi este Governo que criou, que fez com que entrasse nos cofres do Estado quase R$ 1 bilhão. Desse R$ 1 bilhão, quase ¼ ou R$ 250 milhões foram para os municípios, portanto, dinheiro novo para os municípios. E os prefeitos sabem disso. Quem não quer saber não sabe, mas os prefeitos sabem. Foram R$ 250 milhões a mais para os municípios, só que o Cira trouxe. Em razão da economia foram R$ 350 milhões, em razão de combate à corrupção nós estamos diminuindo o deficit no Estado. Você vê que nós já diminuímos bastante o deficit.

A Emenda Constitucional que limita os gastos tem projeção de dois anos, para economia de R$ 1,3 bilhão. Nesse cenário, o que se projeta no último ano de mandato? Qual a leitura do ano que vem?

Nós ainda não teremos em 2018 um ano maravilhoso. A Emenda Constitucional vai nos ajudar muito, mas ela não vai resolver todos os problemas. A Emenda Constitucional limita os gastos e fez com que nós negociássemos a dívida com a União, deixássemos de pagar no ano que vem até R$ 1,3 bilhão. Isso é ponto. Mas ela não vai resolver todos os problemas do Estado. Aliás essa dívida, ela foi toda contraída pelas administrações passadas, sendo metade da Copa do Mundo, que aliás nós estamos pagando. Eu não sou o pai da Copa, não é? Será que foi responsável ou irresponsável a vinda da Copa para cá? Aliás a nossa administração é que está pagando, esse ponto é importante que seja dito. Muito bem, temos problemas sérios que precisam ser resolvidos. Quais? Primeiro problema sério: A previdência, esse é o próximo desafio que precisa ser superado. Nós temos um deficit da previdência muito grande e a Fonte 100 tem que depositar. Portanto, aqueles que se dizem aposentados e inativos, se nós não tomarmos providência nisso o mais rápido possível, estas pessoas terão sérios problemas no futuro. Eu não estou pensando no agora, não estou pensando nas eleições do ano que vem. Estou pensando nas futuras gerações de mato-grossenses e nesses que já contribuíram com o Estado de Mato Grosso. Nós estamos discutindo com o Governo Federal a reforma e precisamos discutir com os Poderes aqui. Em Mato Grosso, os Poderes precisam ter um cronograma de entrada ao fundo e isso nós estamos discutindo, aliás eu pedi isso há mais de oito meses. Eu não sou servidor público aposentado do Estado, nem da União. Eu estou pensando nesses servidores, porque se nós não tomarmos uma providência já, nós não teremos dinheiro para pagar os servidores no futuro. Porque é a Fonte 100 que está arcando e esse ano R$ 800 milhões. Se nós tivéssemos equacionado isso nós não teríamos deficit.

A proposta será fechada no primeiro semestre?

Nós já temos algo pensado nisso. Eu não quero estabelecer prazo, porque isso depende da Reforma da União. A Emenda da União vai dar um prazo de seis meses para os estados se adequarem.

A Reforma Tributária no Estado também é uma preocupação. O Governo conta com apoio da Indústria, mas o comércio reclama temendo aumento e se sentem prejudicados. De fato a Reforma Tributária aumentará impostos?

O único governo que não aumentou imposto foi o nosso. Sou contra aumentar impostos no momento de crise. Se você buscar em outros estados, a maioria aumentou imposto. Eu sou contra aumento de impostos. Esse é o primeiro ponto. Nós assumimos um compromisso com a Reforma Tributária, contratamos a Fundação Getúlio Vargas, a fundação veio e o setor produtivo que pagou, preparou a reforma, fizemos mais de 30 audiências, apresentamos à Assembleia Legislativa. Está lá na Assembleia Legislativa. Aí inicia-se a mudança, a Reforma Tributária nacional e aqui houve palestra do deputado Hauly (Luiz Carlos Hauly – PSDB/PR), veio aqui e nós conversamos com o setor produtivo e entendemos de sobrestar a Reforma Tributária até que a União decida. Porque se a União criar o IVA – Imposto de Valor Agregado, não adianta nós mexermos com a Reforma Tributária de ICMS. Então todo mundo sabe disso. Os empresários estão acompanhando isso. Aliás, nós informamos aos empresários o que nós temos pronto que são duas ações, e já conversado com os setores, primeiro: as leis setoriais. Aliás, voltaram ao que era no Governo Dante, que depois mudaram e mais um erro que mudaram. Voltaram ao Governo Dante, não é isso? Leis setoriais por cadeia. E dois (segundo), uma Reforma Tributária que não tenha nenhuma dependência da Reforma Tributária da União. Já está pronto. O Rogério Gallo está indo para a Sefaz também para fazer isso, porque vai acabar com as multas acessórias, penalidades, e simplificar o processo. Isso já está conversado com os empresários. Isso nós aprovamos no primeiro semestre do ano que vem, não precisa do princípio da anterioridade. Então já está tudo encaminhado. O meu compromisso foi assumido e está sendo saldado.

Sou contra aumentar impostos no momento de crise.

Diante de toda crise o senhor passou por essas dificuldades no Governo...

Ainda estamos passando. Eu disse que o ano que vem será um ano difícil. Mas será melhor que 2017.

Em relação ao pagamento do funcionalismo, houve esforço, mas acabou sendo escalonado e agora o Governo projeta até a possibilidade de colocar dentro do mês. O senhor mantém isso para o início do ano?

Vamos colocar assim, vamos colocar os pingos nos is aí. O salário do servidor público no Estado de Mato Grosso, ele está em dia, diferente de 12 estados da Federação. Nós pagamos a RGA (Revisão Geral Anual), toda a RGA, já negociamos para 2018, pagamos todas as leis salariais da administração passada, o que eu assumi o compromisso eu paguei. Os profissionais da Educação, são 40 mil profissionais da Educação, eles tiveram um aumento de 40%. Ninguém no Brasil teve aumento desta forma. Hoje eles recebem o segundo melhor salário do Brasil. Eu quero que receba o primeiro, mas que a Educação também seja a primeira do Brasil. É isso que nós estamos trabalhando. Nós pagamos o salário em dia, porque a Constituição Estadual fala até dia 10. Muito bem, no mês d e novembro nós pagamos 82% dos servidores em dia. Nós passamos depois do dia 10, para 18% só. Então o escalonamento do salário foi em seis dias um mês, porque era problema de fluxo de caixa. Agora, eu desejo encaixar o salário dentro do mês. Para isso nós estamos trabalhando bastante, buscando novas fontes de recursos. Mas eu não tenho essa data ainda.

Não dá para prever?

Quem estabelecer data está mentindo ou não tem autorização minha.

Não para direcionar que é para o início do ano?

Não dá.

A questão da RGA também foi um ponto de desgaste para o Governo. O senhor acredita que consegue recuperar isso com uma política mais estabilizada?

Governar é ter desgaste. É Impossível um Governo não ter desgaste. Nem Jesus Cristo agradou todo mundo. Não seria eu que iria agradar todo mundo. Você governador, é você decidir, e toda decisão você faz escolhas. Você desgosta alguém. Mas se um governante ficar preocupado com desgaste, ele não governa. Ele tem que governar, esse é o primeiro ponto. RGA 2015 nós pagamos, 2016 nós pagamos, 2017 já pagamos a primeira parcela e 2018 já está equacionada. Um governador, se ele ficar preocupado com o desgaste, ele não governa. E se isso vai refletir, se vai mudar em relação aos servidores eu fui convidado, e fui em várias festas de servidores nesse final de ano. Várias, de sindicatos, várias!

Agora, eu desejo encaixar o salário dentro do mês. Para isso nós estamos trabalhando bastante, buscando novas fontes de recursos. Mas eu não tenho essa data ainda.

Seguindo a questão dos ajustes no Governo, entra o FEX que deu um fôlego, mas ele não resolve. O senhor hoje já conseguiu fechar essa distribuição, como fica o pagamento do duodécimo dos Poderes?

Eu quero agradecer os presidentes dos Poderes, agradecer o Rui Ramos (TJ), o Eduardo Botelho (AL), agradecer o presidente do TCE, Domingos Neto, o defensor público, doutor Sílvio Jefferson, doutor Mauro Curvo (MPE), a compreensão que eles têm. Se eu pegar o FEX inteiro, não daria para pagar o que devemos aos Poderes. Mas eles estão compreendendo que, as mesmas dificuldades que nós estamos tendo, eles estão tendo, e nós vamos tentar equacionar isso. Nós estamos devendo R$ 440 milhões, o FEX é R$ 400 milhões. Imagina, e isso sem falar das vinculações constitucionais, a Saúde. Se eu pegasse o FEX inteiro, o que eu faria com a Saúde? E as estradas que estão intransitáveis por causa da chuva? Então ao governador cabe escolher, aliás eu fui eleito para isso. Estamos conversando e eu quero agradecer a compreensão deles.

Um governador, se ele ficar preocupado com o desgaste, ele não governa.

E essa relação com os municípios governador?

Excelente. Aliás a administração que mais passou recursos para os municípios foi a nossa. Fethab, é fácil criar a lei, o duro é você aplicar a lei, e aplicamos e repassamos aos municípios mais de R$ 600 milhões em três anos do Fethab. Passamos aos municípios mais R$ 250 milhões do Cira, passamos aos municípios muito mais da atenção básica, atenção primária. A relação é excelente. Agora, tem prefeito que entende que não está, o que é legítimo.

A arrecadação cresce mas segundo a Sefaz, até o segundo quadrimestre não acompanhava a estimativa da LOA. Acredita que essa recuperação da economia, de forma geral, vai criar um ambiente melhor para o ano que vem, para que pelo menos acompanhe a peça orçamentária?

Eu vejo o seguinte. Nós temos problemas que são sérios no Estado. Primeiro a previdência, segundo a folha de pagamento cresce mais do que a receita. E eu não dei aumento salarial. Tudo aprovado na gestão passada. Eu não chamei servidores públicos. Eu chamei 3.663 da segurança. Isso significa R$ 193 milhões a mais. A folha cresceu em três anos R$ 2 bilhões, e isso foi criado lá para trás. Aí é você saber quem foi um bom gestor, e quem não foi. Porque você dar aumento é muito bom, agora difícil é pagar os aumentos. A responsabilidade daquele que paga tem que ser de acordo com a questão fiscal.

Isso vai ser solucionado?

Nós estamos trabalhando para isso.

Mas a projeção que o senhor faz para o ano que vem é de que a arrecadação acompanhe a estimativa?

Ainda não, porque ainda temos aumento até 2023 que foi dado lá para trás. Temos dívidas da Copa do Mundo, que não foram pagas até 2014. Foram pagas em 2015, 2016, 2017 e 2018 nós que vamos pagar.

Que avaliação faz em 2018 sobre metas para encerrar seu mandato? Investimentos, equilíbrio seguindo a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) junto com a folha?

Eu não quero fazer um exercício de adivinhação. Temos um ano difícil ainda. Nós teremos um ano que precisaremos fazer mais economia, fazer com que a arrecadação aumente. Agora, se você pegar em todas as áreas, mesmo em crise, todas, Saúde nós avançamos mesmo, Educação nós avançamos e muito. Nós não tínhamos escola em tempo integral, criamos quatro e passamos para 14. Ano que vem serão 45. Isso significa menos evasão, melhor proficiência, os índices chegam a essa conclusão. Nós não tínhamos escola, a Tiradentes tínhamos uma e hoje já temos mais seis. Nós tínhamos oito escolas técnicas e ano que vem até julho teremos 16 escolas técnicas. Nós aumentamos cursos da Unemat, com responsabilidade. Segurança. Este ano em Pernambuco morreram 5 mil pessoas. Esse é um bom trabalho para a imprensa fazer acompanhamento. Em Mato Grosso morreram 930 pessoas. Ah, Pernambuco é maior que Mato Grosso. É, mas não é cinco vezes maior que Mato Grosso. Essa comparação é bom fazer. Rio Grande do Norte, porque não conseguiram pagar os salários dos policiais, em uma semana morreram 50 pessoas. Em Mato Grosso em uma semana não morreram 50 pessoas. Aliás, no final de semana prolongado do Natal não houve nenhum homicídio no Vale do Rio Cuiabá. Nós diminuímos os índices de homicídio, de roubo, de furto, aumentamos a apreensão de drogas e de armas. Portanto houve um avanço na Segurança. Pernambuco para cada 100 mil habitantes, têm a média de 47 homicídios. Quando eu assumi, para cada 100 mil habitantes, a média era 38 homicídios, agora a média está 27 homicídios. Em 2014, foram 1.360 homicídios. Este ano, 935 homicídios. Quantas pessoas nós salvamos? Na Saúde a Caravana da Transformação, a Educação eu já disse, os indicadores são melhores. Nós inauguramos 20 escolas. Esse ano fizemos concurso para 5,7 mil vagas. Estradas, nós fizemos 2,4 mil Km de estradas, sendo 1,1 mil de construção e o resto de reconstrução que é um patrimônio do povo. As estradas estavam acabadas. Na secretaria de Cultura, nós fizemos eventos em 82 municípios, a Arena Pantanal recebeu 340 mil pessoas. Na Agricultura Familiar nós entregamos 500 resfriadores de leite. Na administração passada foram 200. Nós compramos a R$ 11 mil e eles compraram a R$ 22 mil. Nós entregamos 173 patrulhas. A administração passada entregou 15. Nós temos ações em 132 municípios. Nós estamos reformando a sede de 100 Indeas. No Detran, nós reformamos ou inauguramos novas, das 63, 20, e temos mais nove para inaugurar. Em todas as áreas. Intermat, vamos entregar títulos, então em todas as áreas. O Pró-família vai atender quase 30 mil famílias que estavam abaixo da linha da pobreza. Em todas as áreas, todas, se você comparar, e não estou dizendo mais com a administração passada, estou dizendo com as administrações passadas.

Como vê a relação Governo de Mato Grosso com o Governo Federal. O presidente na sua opinião vem tratando o Estado com o devido retorno que deveria ter?

A minha relação com o presidente Michel Temer é uma relação de mais de 25 anos. Eu trabalhei com ele, foi meu chefe e ele foi meu professor. O presidente Michel Temer tratou Mato Grosso com respeito, com muito respeito, pelo menos com o nosso Governo ele atendeu bem. A União precisa olhar Mato Grosso de outra forma, porque nós ajudamos muito a União. A União precisa ajudar mais Mato Grosso.

A União precisa olhar Mato Grosso de outra forma, porque nós ajudamos muito a União.

Nessa seara, faz uma grande aposta na revisão da Lei Kandir?

Eu espero que seja mudada a Lei Kandir e nós possamos ter mais dinheiro.

Está confiante que resolve em 2018?

Sim, estou confiante.

Acredita que existe chance de ampliação de até 50%?

Eu estou torcendo para isso e nós governadores temos um grupo de governadores que estamos buscando isso.

Está satisfeito com esse fechamento de ano? Não deu para equilibrar todas as contas...

Nós estamos com o salário de 100 mil servidores em dia, inclusive o 13º. Outros estados não estão. A folha de pagamento do Estado é R$ 600 milhões. Em razão disso, o comércio vendeu quase 6% a mais no Natal. Em razão disso, o comércio vendeu mais e vai pagar mais ICMS. Nós estamos injetando dinheiro na Saúde. Pagando fornecedores, não todos porque não teremos condições de pagar todos e eu sou otimista. Ano que vem será um ano difícil, mas ainda será um ano melhor que 2017. A economia está crescendo, diante do quadro que nós vivemos no Brasil, e parece que por mais que poucas pessoas, não cai a ficha do que está ocorrendo no Brasil. Algumas pessoas parece que não assiste televisão, não lê jornal, não vê o que está acontecendo em outros estados. E nós fizemos em todas as áreas. É lógico que sempre você fica com o gosto de querer fazer mais. Agora, eu tenho a consciência que nós não vamos resolver todos os problemas do Estado.

VLT. O senhor tem algum arrependimento da decisão de levar à frente? Porque é muito difícil.

Eu fui eleito para resolver coisas difíceis, porque se fosse fácil qualquer um faria. Administrar com dinheiro qualquer um administra. Mas sem dinheiro não é para qualquer um.  Eu como senador fui contra o VLT. O BRT eram R$ 500 milhões. Isso é bom que se diga, porque as pessoas esquecem. Aí o deputado Riva e o Silval foram a Portugal e trouxeram o VLT no bolso. Não é isso? Trouxeram o VLT no bolso. Eu comecei a fiscalizar as obras do VLT. Como senador, fiz reuniões, mandei ofício, fiz discurso, fui criticado pela imprensa como alguém contra o desenvolvimento de Cuiabá. Eu tive desgaste. Mas não estou preocupado com o desgaste. Estou preocupado em fazer a coisa certa. Fui eleito para fazer a coisa certa. Na campanha eu fiz um programa eleitoral dizendo ‘vamos terminar a obra do VLT, mas não vamos jogar R$ 1 para baixo do trilho’. Um programa, está no You Tube. No primeiro dia que assumimos fizemos uma comissão de secretários para tratar do VLT. Judicializamos isso junto com o MPF e com o MPE, porque nós não temos medo do MP. Quem tem medo é quem roubou o dinheiro do VLT. O juiz a nosso pedido determinou a contratação de uma auditoria, que é a KPMG contratada, que levantou quanto foi pago, R$ 1,066 bilhão. Nós começamos as negociações com o consórcio. Apresentamos o acordo, não assinamos, apresentamos ao MPF e MPE para que eles concordassem ou não. Eles fizeram sugestões, voltamos, e estávamos prontos para iniciar a obra do VLT em março de 2017. Já terminaria até o Porto em dezembro de 2017. Aí veio a delação do Silval Barbosa, mais uma bandalheira, dizendo que pagaram para o consórcio. A partir daí nós não podemos ter mais relações com o consórcio. Imediatamente oficiamos ao juiz e rompemos o contrato. E agora temos o RDC e algumas pessoas criticam o RDC. O problema não é o RDC. O problema está por trás da elaboração do RDC. Então qual é a culpa da nossa administração? Nenhuma. A culpa, e vou falar uma palavra pesada, que eu gostaria que ficasse entre aspas, a culpa foi dos “vagabundos” que roubaram o dinheiro de Mato Grosso. Eu não posso pegar R$ 700 milhões, que já foram gastos nos vagões, e vender o vagão na internet. Eu tenho que terminar a obra do VLT com responsabilidade. Aliás, como nós estamos fazendo em todas as obras da Copa. A trincheira do Santa Rosa está em andamento. Por que demorou? Porque a empresa contratada pela administração passada quebrou. É a mesma empresa que fez Rondolândia, recebeu R$ 9 milhões e não começou a obra. A administração passada. E eu não mandava na Sinfra, não é isso? Salgadeira estamos terminando e vamos entregar em abril. Viaduto do Tijucal nós já entregamos. O COT da Universidade, a pista já chegou e nós vamos terminar. Então nós estamos terminando das 16 obras da Copa, equívocos, erros, irresponsabilidade e corrupção da administração passada.

Eu fui eleito para resolver coisas difíceis, porque se fosse fácil qualquer um faria. Administrar com dinheiro qualquer um administra. Mas sem dinheiro não é para qualquer um.

Relação com o prefeito Emanuel Pinheiro. E os recursos destinados ao novo Pronto-Socorro, como está o andamento do aporte que será feito.

Todos sabem que o então deputado Emanuel Pinheiro foi um opositor muito forte contra a nossa gestão. Todos sabem que eu não apoiei Emanuel Pinheiro. O meu candidato a prefeito de Cuiabá até o dia das convenções, porque eu sou leal, era o Mauro Mendes. Até o dia das convenções. Mauro Mendes por questões que todos sabem entendeu não ser candidato. Wilson Santos foi candidato e apoiei. Tivemos 105 mil votos em Cuiabá. Emanuel Pinheiro eleito, para mim, o povo fez a escolha. O povo é que escolhe. Cabe a mim como governador ajudar o município e eu vou continuar fazendo isso. E há 31 anos não se constrói um hospital em Cuiabá. Eu me comprometi na campanha e no mês de abril de 2015 eu comecei a construção de um hospital. Isso mostra que os compromissos que eu assumi, eu cumpro. E nós vamos entregar a obra do hospital. Recebemos da bancada R$ 100 milhões, mas o dinheiro ainda não foi depositado. Vai entrar, ao que consta, até o dia 1º de janeiro. E fizemos um acordo que nós continuaremos a pagar a obra física, e não atrasamos nenhum dia, R$ 3,5 milhões por mês mais ou menos, e vamos fazer um convênio com o município na segunda quinzena de janeiro para equipar o hospital. A licitação vai ser feita por ele.

 

Confira a Parte II da Entrevista da Semana concedida pelo governador Pedro Taques ao FocoCidade no próximo domingo (7/01), pontuando o contexto político.




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