Onofre Ribeiro
Aquela estória do prefeito Emanuel Pinheiro recebendo dinheiro no Palácio Paiaguás rodou, rodou e acabou virando uma CPI na Câmara de Vereadores de Cuiabá. Podia ter sido evitada. Mas o prefeito preferiu manter-se isolado na crença de que o tempo esvaziaria a denúncia. Engano. Essas coisas são como serpente. Tem que matar com paulada na cabeça senão ela ainda pode picar.
A Câmara deu todos os sinais de conversa. O prefeito preferiu o silêncio. Nem um afago nos vereadores. Ciúme de homem é predador. Deu no que deu. Nesta semana o vereador Toninho de Souza deixou a base de apoio do prefeito e partiu pra cima da CPI. Percebeu nela uma escada extraordinária pra fazer barulho e dar espaços pra Casa, que anda com a moral baixa. A Câmara de Cuiabá não é bem vista pela sociedade e os vereadores sabem disso. A base do prefeito resolveu apoiar a CPI. Aqui cabe um comentário que talvez explique a estratégia dos vereadores.
O conteúdo jurídico da CPI é frágil neste momento. Mas uma CPI pode fazer um estrago de mídia muito grande pra tentar resgatar a imagem da Câmara. O vereador Toninho é bom nisso e tem grande capacidade de articulação. Dá pra fazer um enorme barulho em cima da imagem de um prefeito que silenciou no auge da crise do dinheiro no paletó. Deu sinais de fragilidade. A conclusão é: ou ele se posiciona fortemente agora, ou vai continuar como um prefeito menor, acuado no Palácio Alencastro por três longos anos que lhe restam Seus conselheiros políticos são ineficientes ou falam e não são ouvidos.
Os vereadores seguramente vão segurar a CPI até dar tempo do ministro Luiz Fux, do STF liberar a denúncia original, ou então outros fatos se desdobrarem. Até lá seguirão sangrando o prefeito. Depois da liberação do STF a guerra será sangrenta e o prefeito massacrado. A pergunta é saber se ele prefere sangrar aos poucos, ou se vai chamar a Câmara pra conversar e cobrar-lhe a sua responsabilidade na governabilidade enquanto lhe resta credibilidade. Mas isso é escolha. E parece que o prefeito Emanuel Pinheiro tem escolhido o silêncio geral e irrestrito.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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