• Cuiabá, 19 de Abril - 00:00:00

?Crise política será empecilho para crescimento do setor público em 2018?, dispara economista


Vinícius Bruno ? Especial para o FocoCidade

Com o Brasil caminhando para o último bimestre de 2017 já colhendo frutos de uma lenta, mas real, retomada econômica, ainda cabe ao consumidor ficar atento aos gastos pessoais.

Esta é a recomendação do economista e consultor financeiro Edsantos Amorim, entrevistado desta semana do Foco Cidade e que faz uma avaliação técnica sobre a atual conjuntura econômica do país.

Se com a crise política ainda não se vislumbram soluções imediatas, para a crise econômica o mercado já conseguiu precificar seus custos. Para o economista, a viabilidade do momento é aderir ao bom senso do se gastar menos do que se recebe, e fazer um planejamento em longo prazo para se evitar qualquer eventual intempérie que possa surgir no futuro.

Confira a entrevista na íntegra:

 

Caminhando para o último bimestre de 2017, é possível dizer que a crise econômica já passou?

Ainda de forma gradual podemos dizer que a tão sonhada retomada da atividade econômica é real, o Produto Interno Bruto (PIB) voltou a crescer somente a partir do 2º Bimestre de 2017, após ter ficado dois anos em estado de estagnação.

O Cadastro de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Caged/MTE) aponta que o saldo nos doze meses encerrados em agosto de 2017 foi de 4,931 mil vagas positivas, enquanto que em igual período do ano passado o saldo era negativo em 21,574 mil vagas. É possível que essa tendência de recuperação de vagas no mercado de trabalho continue até dezembro?

Com o início da retomada da atividade econômica atrelada à oferta de crédito em expansão por conta da trajetória favorável dos indicadores de inflação medida pelo IPCA e pela taxa básica de juros na econômica a SELIC. As empresas voltaram a contratar e a investirem na expansão de suas atividades econômicas, principalmente as indústrias seguidas pelo setor de comercio e serviços. É uma tendência natural até o final do ano que projeta crescimento, após dois anos de forte crise.

Em 2018 será um ano de avanço em quase todos os setores da atividade econômica, exceto o setor público que passa por forte turbulência política.

Qual é a expectativa para o mercado de trabalho para 2018? Quais áreas são mais promissoras?

Em 2018 será um ano de avanço em quase todos os setores da atividade econômica, exceto o setor público que passa por forte turbulência política. A atividade primaria dará abertura para o crescimento e o surgimento de novas cadeias produtivas para as atividades secundaria em expansão. O setor de comércio e o setor de serviço retomarão suas forças.

De acordo com a Boa Vista SCPC o índice de recuperação de crédito em setembro deste ano caiu 3% no país, sendo que no começo do ano, janeiro começou com aumento de 6% no índice de recuperação de crédito. Essa queda na recuperação de crédito pode ser sinal que o nível de inadimplência esteja em recuo?

A engrenagem da recuperação de crédito na econômica são fatores pontuais, quando a econômica retoma suas atividades o índice cai de forma gradual outro fator importante é o reflexo da redução da taxa de juros no consumo que influencia na redução de juros perfazendo uma melhora na liquidez de crédito.

A Fecomércio/MT em recente Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC) revelam que em agosto existiam 113,954 mil pessoas endividadas. Em agosto de 2016 eram 116,351 mil pessoas na mesma condição, totalizando uma redução de 2,06% no número de endividados entre um ano e outro. Em contrapartida o número de inadimplentes passou de 57,302 mil pessoas em agosto de 2016 para 58,282 mil em igual mês deste ano.  O que motiva esse aumento no número de inadimplentes na Capital?

A inflação seguirá com trajetória de queda até o final deste ano com reflexos positivos para 2018.

Primeiro é o desemprego, segundo é a demora na recolocação da-mão-de-obra, hoje o ticket médio para uma nova contratação tem sido em torno de 12 meses, outros fatores como redução de salários, falta de oportunidade no mercado de trabalho tem contribuído no aumento da inadimplência.

A taxa básica de juros em 8,5% ainda tem margens para mais reduções? Quais as vantagens que a Selic em baixa traz para a economia?

As projeções é que a taxa de juros a SELIC feche o ano próximo de 7%, hoje a queda da SELIC está sendo ancorada pela trajetória de queda da inflação que deve continuar em ritmo de desaceleração até o final do ano. Os reflexos são positivos quando possui efeitos diretamente no consumo, ou seja, com redução de juros nas linhas de crédito para que efetivamente o preço do dinheiro caia e o consumo se expanda.

O que esperar do comportamento da inflação até o fim deste ano? E em 2018 a inflação permanecerá em queda? A população já está sentindo os efeitos?

A inflação seguirá com trajetória de queda até o final deste ano com reflexos positivos para 2018. Os efeitos têm sido lento uma vez que com a inflação baixa os preços tendem a baixar, porém os reflexos não são de imediatos.

Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) revelou que o montante de tributos pagos pelos brasileiros teve crescimento nominal de 8% em doze meses, no período iniciado em 14 de setembro de 2016 e encerrado em 14 de setembro de 2017. Os impostos estaduais foram os que mais cresceram (10,2%). Já os tributos municipais avançaram 7,7% e os federais, 7,1%. Esse aumento de tributação sempre constante é um sinal vermelho para um país que está saindo da crise? De que forma o governo poderia reverter essa situação?

O caminho seria as reformas, principalmente se tratando de impostos e tributos, a reforma tributária.  Desejável fosse se a composição tributária no consumo houvesse uma separação por faixa de tributação e renda, o que não ocorre no Brasil, por exemplo, na maioria dos impostos que pagamos o rico e o pobre paga igual, o que é incoerente. Nos Estados e nos municípios quando se tem o controle de gastos e receita é possível uma tributação menor e não aumentar impostos.  A realidade é diferente em diversos Estados brasileiro, com a classe política deteriorada não vejo avanço em curto e médio prazo. 2018 é um ano de eleição, quem sabe podemos aguardar por uma política fiscal e tributária com austeridade no futuro.

Qual recomendação seria possível para os consumidores e para os investidores neste momento?

A recomendação é poupar mais e gastar menos, independente da sua faixa de renda, é importante criar novos hábitos de poupador, mesmo que seja para guardar um pequeno valor mensal na caderneta de poupança. Fazer receita é sempre o melhor caminho para o crescimento pessoal, profissional e familiar. Outra máxima é planejar para o futuro, as despesas não podem ultrapassar a renda, ou seja, a sua capacidade de pagamento tem que estar adequada ao seu bolso. Para os médios investidores, imóveis sempre é um bom investimento.




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