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'Aumentam roubos de madeira em Feliz Natal', denuncia presidente de cooperativa

  • Em Geral
  • 13/10/2017 15:10:11

Da Assessoria

Aproximadamente um mês após a conclusão da Operação Risp desencadeada pela Sesp (Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso) para conter os roubos e furtos de madeira no Assentamento Ena no município de Feliz Natal (a 538 km de Cuiabá), as ações criminosas retornaram com maior poder ofensivo. A denúncia é do novo presidente empossado da Cooperena (Cooperativa Mista Agropecuária e Pastoril do Assentamento Ena), Prisco Marques de Oliveira.

De acordo com os relatos de assentados e cooperados, os conflitos provocados pela disputa de madeira estão escravizando as únicas famílias do assentamento que tem direito legítimo na exploração da Reserva. “Os assentados são vítimas todos os dias da organização criminosa instalada no interior da Reserva, eles estão fortemente armados, e com um poderio de maquinários para a extração de madeira, sendo 12 tratores, Skids e Pás carregadeiras. Em menos de 30 dias mais de 12 mil metros cúbicos de madeira foram roubados, um prejuízo que ultrapassa a R$ 5 milhões. Estamos à mercê do crime, e as Polícias Civil e Militar nada fazem, permanecem omissas”, desabafa o presidente da Cooperena.

Ainda de acordo com a denúncia, os assentados deixaram de fazer novos Boletins de Ocorrências, por medo de novas represálias. “Temos medo, pois quando denunciamos os roubos e os responsáveis por eles, fomos sacrificados, os bandidos eram conduzidos e liberados em seguida, e as queixas provenientes dos Boletins de Ocorrências ficam paralisadas. O que as autoridades locais fazem com os cooperados é um absurdo, precisamos de uma séria investigação, pois já denunciamos o responsável por organização as invasões e roubos no local”, explica Vilson Cimadom, prestador de serviços da Cooperena.

De acordo com os cooperados, a alternativa viável seria o retorno da equipe de Vigilantes, os profissionais foram contratados pela Cooperativa no primeiro semestre do ano, sendo a única forma eficaz que coibiu a ação dos bandidos. Porem os conflitos aumentaram desencadeando a Operação Risp da SESP, e a justiça da Comarca de Feliz Natal, determinou a suspensão da presença dos Vigilantes.

“A decisão da justiça apenas favoreceu os bandidos e todos os envolvidos no roubo da madeira, o que inclui grileiros, o ex- prefeito do município Antonio Dubiella e inúmeras madeireiras da região. Tirando das mãos dos Assentados e Cooperados o direito legal do manejo florestal. Estamos vivendo a inversão dos direitos, os bandidos estão sendo privilegiados, e nós vítimas somos massacrados, e tratados como bandidos. Estamos tendo violados nosso Direito Constitucional de deliberar sobre nosso patrimônio legítimo”, desabafa Pristo.

A Cooperena estima que a presença dos Vigilantes no local coibiu mais de 80% dos roubos e furtos da madeira. “A Polícia nunca conseguia impedir os roubos e furtos, e com a suspensão dos Vigilantes, seremos novamente massacrados. “A Reserva precisa ser protegida, os assentados precisam ter respeitado o direito à propriedade e ao trabalho, mais de 200 famílias de assentados estão vivendo na miséria. Esta situação se prolonga porque protege pessoas e empresários que se beneficiam com a nossa madeira. É uma grande injustiça”, pondera Pristo.

Desde o período do Operação Risp, os Assentados rebatiam o andamento dela, assinalaram que a operação não teria prendido grileiros, e nem os suspeitos de roubos e furtos de madeira. As denúncias de conflito agrário, invasões, roubos e furtos, foram formalizadas diretamente à Sesp, sendo que o próprio denunciante foi preso. Além dele, três vigilantes por abuso, e dois traficantes conhecidos da região, Marcos Paulo da Cruz e Valdevan da Silva Soares.

Entenda o caso:

Fundado há 16 anos, o assentamento tem mais de 300 lotes, foi regularizado em 2013. Atualmente aproximadamente 240 famílias ocupam a área de terra com mais de 30 mil hectares, sendo que cerca de 16 mil hectares é reserva florestal legal, não sendo permitida a exploração, nem para agricultura ou pecuária.

Em 2014 os assentados formaram a cooperativa de assentados que passou a fazer a gestão do manejo florestal viabilizando assim a extração das árvores, sendo que todo o lucro da comercialização seria partilhado entre os cooperados. Para tanto foi firmado com a DB Madeiras, uma empresa de Feliz Natal de propriedade de Nilton Dubiella, pai do ex-prefeito do município, Jose Antônio Dubiella, do qual faria a extração da madeira e dividiria 50% de tudo que fosse retirado da reserva.

O contrato deu início ao caos que ronda o COOPERENA, o ex-prefeito e a família fizeram retiradas de madeira que somam aproximadamente R$ 6 milhões, sendo que nada foi repassado a COOPERENA. Os assentados entenderam o cenário como estelionato. Para que os assentados parassem de ser furtados é que a cooperativa contratou um serviço de vigilância patrimonial, sendo agora um serviço suspendo por determinação judicial.

O esquema criminoso teria como mentor o ex-prefeito do município, Jose Antônio Dubiella. Após a quebra de contrato pela retirada da madeira com as negociatas envolvendo a família Dubiella, a cooperativa ingressou na justiça e conseguiu na Vara Especializada de Meio Ambiente, o direito de suspender a extração da madeira do assentamento.

Para tentar desqualificar o trabalho dos Vigilantes, os grileiros espalharam um terror no município, alegando que os profissionais contratados estariam utilizando Fuzis. A atividade dos Vigilantes estria em completa consonância com as normas que regem a categoria, as armas por eles utilizadas, que não correspondem a Fuzis, estão em consonância com a Lei 7.102/1983, e ainda o contrato entre a COOPERENA e a empresa de Vigilância encontra-se devidamente registrado na Polícia Federal.




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