• Cuiabá, 28 de Março - 00:00:00

Mudança no modelo de negócios transforma empresário em dono de ?império? do comércio eletrônico


Vinícius Bruno ? Especial para o FocoCidade

O empresário não pode ter medo de dizer que a busca que o motiva é o lucro. Esta é a frase definida por um dos principais nomes do e-commerce brasileiro. Ramiro Mitsuo Yabumoto é presidente do Grupo Macro, empresa com sede em Cuiabá, que em menos de uma década deixou de lado um negócio altamente rentável para a época – a oferta de cursos e equipamentos para informática – para ser uma das maiores redes de distribuição de produtos por venda online do país.

Com 57 anos de idade, e filho de imigrantes japoneses, Ramiro Yabumoto, percebeu que precisa de uma solução rentável para não sair perdendo antes que o antigo modelo de negócios viesse a deixar de existir. Foi diante dessa provocação feita pelo espaço e pelo tempo, que preferiu inovar e encontrar um modelo de negócios que o projetasse para uma nova realidade do mercado.

Sem hesitar, o empresário fechou mais de 40 lojas da Macro Informática e investiu em tecnologia, conhecimento e inovação. O tripé, que considera segredo do sucesso, foi substancial para transformar a Macro em um grupo empresarial que reúne distribuição, agência de marketing digital e criação de plataforma de website, tudo para atender ao e-commerce.

Yabumoto revela que não vai parar por aí. A intenção é dentro de 10 anos ter um modelo de negócios inteiramente virtual, sem necessidade de vendedores físicos. A receita para isso já existe, e ele a conheceu em recente viagem aos Estados Unidos, em uma loja da Apple, em Nova York, onde comprou um iPhone sem precisar de vendedor. Em questão de minutos ele conheceu o produto, pagou, recebeu a nota fiscal e recebeu o produto, sem precisar que ninguém o atendesse, apenas um moderno software, cujo gasto é o de manutenção.

Para Yabumoto este é o futuro dos negócios, e quem não estiver pronto para isso vai ficar para trás. Nesta entrevista ao FocoCidade, Ramiro Yabumoto fala de como faz para transformar ideias em máquinas de lucro. Com a atual estratégia de negócios, o empresário tem mais de 12 mil revendedores no país, e consegue entregar qualquer produto entre os 65 mil itens que possui no estoque, em Cuiabá, em qualquer parte do país 24h depois do pedido ser faturado.

Confira a entrevista na íntegra:

 

Com um modelo de negócio de distribuição de produtos por meio de e-commerce, como o senhor avalia o desempenho da tua empresa durante estes anos de crise econômica? Houve crescimento?

Houve muito crescimento. Na verdade, não tem crise no e-commerce. Existe crise nas lojas tradicionais, de tijolo. Em época de crise a palavra de ordem é inovar, abrir novas oportunidades de negócio. O e-commerce não te prende só em um rua, ou em um bairro ou na cidade. Imagina o comércio tradicional em uma rua onde acaba o movimento, as vendas também morrem. Diferente do e-commerce onde não existem fronteiras, vende-se para o Brasil todo, 24h por dia e 365 dias por ano, por meio de um vendedor virtual, com isso não se precisa de pessoa, hora extra, salário, ninguém falta, não há atrasos, não tem férias. Diante de todas essas razões posso dizer que o e-commerce é o melhor negócio do mundo. Outra característica deste modelo de negócio é que se transforma em um viral, basta ter um uma boa plataforma. Por isso, criei uma indústria de plataforma, é a única do Centro-Oeste e Norte do Brasil e está tendo o maior sucesso. Um estudo norte-americano revela que nos próximos 20 anos, a empresa tradicional feita de tijolo, que não tiver e-commerce para dar sustentabilidade ao modelo de negócio tradicional, vai sofrer muito. Basta ver o perfil das crianças e dos jovens de hoje, que já nascem conectadas. Foi-se o tempo que uma bola ou boneca era suficiente para agradar uma criança, hoje os pais precisam dar um tablet. Quando decidi investir em e-commerce foi quando eu vi que essa seria a realidade do mercado, por isso inovei.

Enxergo em você um talento, invisto em você, dou-lhe um banho de inovação  e empreendedorismo, divisão empresarial do negócio, fazemos crescer este negócio e depois nós vendemos, ganhamos um lucro violento, e ficamos ricos com essa ideia.

Qual é a melhor estratégia de marketing digital para o e-commerce?

Redes sociais, Facebook, mídias sociais, Instagram – quem consegue surfar neste mundo, consegue emplacar qualquer produto. Outra vertente é a conquista da confiança do consumidor.  Em 30 anos de mercado nunca deixei de entregar nenhum produto, mesmo que fosse apenas uma agulha. A confiança do consumidor para o e-commerce é tudo, principalmente porque existem muitos golpistas usando a internet. Muitas vezes, a pessoa monta um e-commerce e fracassa porque não investe em uma boa plataforma, em um bom site, não tem estoque, não tem logística. A plataforma de e-commerce é diferente de um site homepage, pois a primeira é dinâmica, intuitiva, mas a homepage é estática, e não é atrativa. Seguindo essa lógica, é que hoje o Grupo Macro está entre as três principais plataformas de e-commerce do país, concorrendo com o Grupo Buscapé e GetCommerce. Mas quem resolve criar um e-commerce e não investe na qualidade da plataforma, acaba colhendo o fracasso.

A triagem dos bons governantes já está acontecendo, e isso é um processo natural. O mundo é feito do bem e do mal, mas acho que o mal sempre vai perder e o bem sempre vai prosperar.

Ter saído da oferta de serviços de cursos e produtos para informática para aderir ao universo do e-commerce foi a melhor decisão que o senhor já tomou enquanto empresário?

Sem dúvidas. Sou uma pessoa que mexe com tecnologia, sou engenheiro eletrônico, e aprendi que quando se trabalha com tecnologia não se pode ficar parado no tempo, pois é pura inovação e conhecimento. Quando se fala em tecnologia, os grandes exemplos são o Japão e a Coréia do Sul, que em menos de 20 anos após saírem da Segunda Guerra, já eram potências econômicas, pois, investiram em educação. Inovação, tecnologia e conhecimento, só se faz com educação. Acreditando nisso eu rodo o mundo, sou super antenado. Eu tinha uma rede de cursos de informática com mais de 40 unidades de curso e franquias no Estado inteiro, quando eu vi que o computador desmistificou e que qualquer um poderia ter acesso a esse universo sem precisar fazer curso, era só teclar e usar, decidi que estava na hora de fechar toda a área de curso, pois percebi que não poderia deixar o negócio morrer para eu tomar uma decisão. Na área de tecnologia tem que ser visionário, nunca se pode falar já sei tudo. Tem que ser humilde e dizer: não sei nada, quero estar aberto às novidades. Não vou parar aí, meu sonho é transformar a loja de tijolo em loja digital. Fui na loja da Apple nos Estados Unidos e lá não existe mais vendedor humano, só digital. Todos os processos são digitais. E eu vou fazer isso aqui também. Isso vai ser a realidade do Brasil em menos de duas décadas, quem não estiver preparado para isso não vai sobreviver. Quero ser conhecido como o que sempre esteve à frente do meu tempo, por isso, vou continuar investindo em tecnologia, conhecimento e inovação.

Em época de bonança, 100% dos empresários estão pensado de forma positiva, e isso implica em 100% de competidores e você acaba sendo mais um, e por isso a briga é grande.

 

Quais são as principais vantagens, e desvantagens do e-commerce?

A desvantagem só existe se o empresário não investir em marketing digital. Pois se não fizer isso, não vende, e encontra só prejuízo. Tem muita gente iludida, pensando que vai montar um site ao custo de R$ 100 ou R$ 300 e vender os produtos igual a água, sem precisar investir em marketing digital. Isso não existe. Quem age dessa forma já nasceu quebrado. Porque para uma boa plataforma de e-commerce você precisa gastar R$100 mil a R$ 500 mil para montar um verdadeira estrutura de e-commerce, isso porque é como se fosse uma estrutura de loja de tijolo. Quem pensa pequeno, nunca será grande.

Além da plataforma de distribuição, o senhor desenvolveu uma interface de negócios que permite empreendedores serem donos do próprio negócio com um custo muito baixo de investimento e manutenção. Como surgiu essa ideia e como ela está na prática hoje?

Esse é um outro projeto muito inovador. É um modelo de negócios chamado E-marketplace, desenvolvido inicialmente pela Amazon, e que nós aqui na Macro aperfeiçoamos. Trata-se de uma triangulação, que funciona da seguinte forma: se você for no site da Amazon comprar um helicóptero, a empresa não vai ter esse produto a pronta integra, mas passa o pedido para o fabricante, que entrega o produto na tua casa, e a Amazon ganha uma comissão. No meu caso, qualquer um dos 12 mil lojistas que entraram na plataforma Makro, tem uma loja virtual com 65 mil itens disponíveis, um site configurado com o logo do lojista, e passa a existir essa loja virtual. Quando ele vende, pega o produto aqui comigo e entrega. Com isso, não sou um distribuidor tradicional, sou um operador logístico, um broker - um centro de distribuição. E está fazendo o maior sucesso. Isso está gerando renda para as pessoas mais carentes. Isso é inclusão social e digital. Não sou apenas eu que estou fazendo isso. Algumas redes de departamento pessoal já fazem a mesma coisa pelo Brasil. A diferença é que eu tenho estoque na região, a pronta entrega, o que diminui o custo do frete. Esse é meu sucesso.

Ganhar dinheiro não é pecado. Agora, qual o tamanho deste dinheiro? Aí que entra as ambições e as mazelas.

O que é se reinventar/ inovar para o senhor?

É estar antenado, ser humilde – dizer eu não sei nada, quero aprender, estou carente de informações e conhecimento, traga-me inovação. Não se pode ser fechado, pelo contrário, precisa-se estar aberto para inovação, para conhecimento e tecnologia. É preciso acreditar nisso. Essa vertente tem que passar a ser parte do teu DNA, dos teus valores. Se você não acredita, estagna. Para mim nunca está bom, sempre tem que melhorar. Por isso sou um Anjo, que na linguagem do mundo de negócios é aquele que faz uma ideia startup se transformar em realidade. Fico sócio de quem tem ideia boa. Enxergo em você um talento, invisto em você, dou-lhe um banho de inovação  e empreendedorismo, divisão empresarial do negócio, fazemos crescer este negócio e depois nós vendemos, ganhamos um lucro violento, e ficamos ricos com essa ideia.

Como o senhor avalia a economia hoje? O que governos e iniciativa privada precisam fazer para que a economia não fique tão refém da política como tem sido no Brasil?

É muito simples. Cada um no seu lugar, ou como diz o ditado: cada macaco no seu galho. O mundo do governo, dos políticos é deles. Eles são bons nisso, sabem o que fazem. O empresário tem que ser um empreendedor. Tem que gerar negócios. A área de atuação do empresário é business. A política tem importância fundamental, quando se tem boa governança, uma boa política de governo, faz a diferença, o país cresce, investe em educação, segurança, em inovação e saúde. Mas o empresário tem que ter foco no próprio negócio. O dia em que empresário querer se meter em outro quadrado, ele deixa de ser empresário e vai virar um grande político. Nós, enquanto empresários precisamos dar nossa contribuição para a sociedade, gerando emprego, riquezas, transformando ideias em realidade, ajudando comércio, indústrias e serviços. Se nós enquanto empresários fizermos nosso papel de forma bem feita, estamos contribuindo para a melhoria da sociedade. Estou fazendo minha parte, meu foco é no meu negócio, não sou apolítico, mas meu objetivo é gerar riquezas de forma honesta e ajudar as pessoas a crescer. A triagem dos bons governantes já está acontecendo, e isso é um processo natural. O mundo é feito do bem e do mal, mas acho que o mal sempre vai perder e o bem sempre vai prosperar.

Qual é a expectativa do senhor em relação à crise econômica? E quanto à política?

A crise existe. O desemprego existe em massa. Mas sempre digo, é em época de crise que surgem as grandes oportunidades. Tem um ditado chinês que diz: é na hora da crise que se ganha dinheiro. Quem quer crescer exerce uma força de pensamento positivo. O problema é que muitos empresários param na lamentação dos problemas financeiros. Com isso, é 1% de empresário pensando em crescer, enquanto que 99% está no negativismo, e isso faz a diferença, porque o que está pensando positivo perde competidores. Em época de bonança, 100% dos empresários estão pensado de forma positiva, e isso implica em 100% de competidores e você acaba sendo mais um, e por isso a briga é grande. A crise existe, mas é nesta época que se tem que inovar, com conhecimento e tecnologia. Não se pode entrar na vala comum. Ser empresário no Brasil, não é fácil assim como não é em nenhum lugar do mundo. Ser grande empresário no Brasil é para os talentosos. O grande empresário tem algumas qualidades que é diferente da massa comum, pode reparar Antônio Ermínio de Moraes, Roberto Marinho, Silvio Santos, entre tantos outros, sempre têm algo diferente que a maioria. Se você conversar com pessoas deste tipo por cinco minutos, vais pensar: que homem com ideias inovadoras, que homem que pensa diferente. Para ser assim tem que sair do quadrado e quebrar paradigmas.

Qual é a receita para ser competitivo, garantir lucro, expansão e continuar investindo na empresa?

O segredo é a lucratividade. O empresário de sucesso não pode ter vergonha de falar: eu tenho lucro. Estou aqui para ganhar dinheiro. Dinheiro não é pecado. Dinheiro só amaldiçoado quando é roubado. Agora se trabalha honestamente, para gerar renda, lucros. Todo mundo que trabalha honestamente com o próprio suor tem que ter lucro. Agora, qual o tamanho deste dinheiro? Aí que entra as ambições e as mazelas. Penso que qualquer dinheiro ou renda que você tenha tem que vim de muito suor. Ganhar dinheiro não é fácil, enquanto que gastar é muito fácil. Diante disso, uma das regras é: ganhar muito e economizar muito, aí sobra. Esta é a receita do sucesso. Não tem ninguém que ficou rico ganhando pouco e gastando muito. É ao contrário, pois daí sobra, pois vai se acumulando, dia a dia, mês a mês, ano a ano até chegar à riqueza. Quem ganha muito e gasta muito, corre um grande perigo, porque, tenha certeza, o dinheiro não leva desaforo. 




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