• Cuiabá, 28 de Março - 00:00:00

O novo e o velho


Onofre Ribeiro

            Há muitos anos quando ouvi a canção do sertanejo caipira “Triste Berrante”, de 1978, cantada na voz brilhante do querido amigo cuiabano Zied Coutinho, encantei-me com ela. É de autoria de Adauto Santos um violeiro intelectual morto há alguns anos. É um hino. Dela extraí o verso: “o novo vem e o velho tem que parar”. Trago o assunto por conta do artigo publicado ontem neste espaço sob o título “Reaprender a governar”. Nele tratei dessa transição de posições do governo Pedro Taques face aos cenários de profundas mudanças que hoje assolam o Brasil e particularmente Mato Grosso.

            O velho método de gestão tão bem sucedido de tempos atrás, o velho tem que parar, como diz a canção. O novo vai chegar. O artigo de ontem defendia que o governador Pedro Taques precisa rever sua agenda de conversações políticas com a sociedade e com as instituições públicas para adaptá-la ao momento atual. Sob pena de sua gestão enfrentar a cada dia mais e mais crises e terminar de mal a pior. O cenário é de caos na economia e  na política brasileiras.

            A título de exemplo. O caso da saúde com repasses atrasados aos municípios e a crise generalizada. O caixa estadual não tem os recursos suficientes dentro do ambiente geral. Cogitou-se de usar um arranjo com o Fethab 2, criado no ano passado durante a crise da RGA. O setor do agronegócio reagiu. Natural, porque a tese era a de que o novo Fethab seria exclusivo para infraestrutura. Contudo, o ambiente social está entrando em deterioração. Um novo acordo e uma emergencial rediscussão do fundo por um tempo determinado não parece fora de discussão. Mas requer muita conversa e disposição pra conversar. É apenas uma possibilidade dentro do novo ambiente de gestões no país depois dos tsunamis petistas.

            Não compreendo como as gestões em todos os níveis possam ser conduzidas em separado setor a setor. A ninguém interessa o naufrágio de quem quer que seja. Sejam os poderes públicos. Sejam as entidades representativas dos setores privados e as próprias empresas. A mídia precisa compreender o seu papel mais analítico e menos a exploração de manchetes explosivas. Dentro da casa das pessoas convivem sonhos, ansiedades e muitos problemas.

            Contudo, não enxergo no horizonte disposições de conversas. Cada dia mais o distanciamento e o isolamento dentro dos feudos de cada representante social público e privado. Mas, entendo também que teria necessariamente que partir do governador Pedro Taques a disposição de partir pras conversas. Por mais duras que sejam! A todos nós interessa vencer a travessia e sair vivos do lado de lá!

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br   www.onofreribeiro.com.br




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