• Cuiabá, 29 de Março - 00:00:00

Novacki defende atenção redobrada para evitar novos impactos da 'Carne Fraca'


Há um ano à frente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o ministro Blairo Maggi vem adotando medidas de expansão do agronegócio brasileiro junto ao mercado internacional, o que vem sendo realizado por meio de uma intensa agenda de viagens e reuniões diplomáticas. Por outro lado, os 12 meses de governo estão sendo marcados pelo gerenciamento de crises, sendo que a mais notória e impactante delas foi a Operação Carne Fraca, deflagrada em março deste ano.  

Para contornar os efeitos desestabilizadores que operações como a Carne Fraca provoca no mercado consumidor interno e externo, o Mapa vem adotando diversas medidas para que o diálogo transparente entre governo e consumidores seja cada vez mais esclarecedor.

Além das crises de grande proporção, a gestão Maggi também tem olhado com lente de aumento sobre os entraves burocráticos entre Mapa e produtores rurais, instituições financeiras, cooperativas e mercado consumidor, como é o caso do programa Agro Mais, cujo objetivo é modernizar os procedimentos internos da pasta.

Auxiliando nestas medidas de grande importância para o presente e futuro do agronegócio brasileiro, está aquele que é chamado de braço direito de Maggi, Eumar Roberto Novacki, secretário executivo do Mapa.  

Depois de Maggi, Novacki é o nome mais importante no Ministério da Agricultura. Concentra sobre si a autonomia de falar em nome da pasta e tomar decisões administrativas. Na apertada agenda do ministro, principalmente com os compromissos internacionais, Novacki é quem assume o comando da pasta e tem mantido sempre uma postura alinhada com a perspectiva progressista e expansionista de seu chefe. 

Bacharel em Segurança Pública, Novacki é formado pelo Curso de Formação de Oficiais para a Polícia Militar (CFO) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Também é bacharel em Direito e mestrando em Gestão Pública. Com 40 anos de idade, está metade da vida no serviço público, maior parte deste tempo assumindo responsabilidades de confiança  e notoriedade ao lado de Blairo Maggi.  

Novacki é o entrevistado desta semana do Foco Cidade e afirma que enquanto membro do governo, tem empenhado todas as forças pela solução dos problemas econômicos enfrentados pelo país.

Confira a entrevista na íntegra.

 

Este mês completa um ano que o ministro Blairo Maggi assumiu o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Neste período, a atuação do senhor enquanto secretário-executivo vem sendo de grande participação nas decisões da pasta. Como o senhor avalia este um ano de trabalho?

O principal plano lançado na gestão do ministro Blairo Maggi foi o Agro Mais. Fazendo um balanço deste programa e apuramos que foram apresentadas 530 soluções aos problemas pelo setor produtivo brasileiro. Isso significa dizer que a cada três dias nós resolvemos dois problemas que atrapalhavam o desenvolvimento do setor produtivo, isso por si só já seria um número que impressiona. Mas também houve uma série de avanços no comércio internacional, retirando algumas travas, melhorando o relacionamento com países como a Rússia, que por muito tempo colocava restrições a alguns produtos brasileiros, se sentia um pouco desprestigiada e nós conseguimos reverter isso. Esses são alguns exemplos de que as coisas estão andando. Nós estamos tendo apoio fundamental do presidente Michel Temer, que é sensível às questões do agronegócio e para a economia do país, e hoje o setor tem vez e tem voz.  

Os primeiros meses de atuação da gestão Maggi no Mapa foram de intensa atividade diplomática com visitas a vários países e abertura de mercado para as commodities brasileiras. Como ficaram essas relações com o mercado internacional após a Operação Carne Fraca? Os efeitos foram sentidos apenas para as exportações da carne ou outros produtos também sentiram a perturbação?

Não há dúvida que houve abalo a imagem do setor de carnes após a Operação Carne Fraca. Houve prejuízos, mas se compararmos o mês de março deste ano, quando aconteceu a operação, com o mês de março de 2016, houve um pequeno acréscimo no desempenho do mercado da carne. E foi neste crescimento ínfimo que mensuramos os efeitos da operação, já que nossa expectativa era de crescimento na exportação de carne após todo o trabalho que vem fazendo o ministro Maggi com as parcerias, abertura de novos mercados e viajando. Ainda precisamos entrar na segunda fase das missões internacionais. Os países estão pedindo informações e deram um voto de confiança, porque conhecem o sistema, e sabem que é robusto e confiável, mas ainda querem conversar. No próximo dia 12 (maio) o ministro Maggi começa outra temporada de missão internacional, tão logo ele volte, eu liderarei uma outra comitiva. Em relação ao mercado interno, o setor já está levantando os prejuízos. Houve decréscimo das vendas, ainda não temos o número total do impacto. O interessante de tudo isso, é que o setor produtivo e as associações já estão se organizando para lançar uma campanha mostrando que a nossa carne é forte. A operação nos deixa algumas lições importantes, não adianta a gente virar as costas e fechar os olhos e dizer que não havia problema, lógico que havia problema tanto que originou uma operação que apurava desvios de conduta de fiscais. O que não pode é ser confundido com a qualidade do produto. Houve uma falha na conduta e não na qualidade da carne produzida no Brasil. Então, com base na experiência que a operação nos mostrou, lançamos no começo deste mês um programa de integridade do Mapa, um compliance e fizemos um apelo ao setor produtivo brasileiro para que todos os sindicatos e associações estimulem as empresas a fazerem parte deste programa de integridade. Queremos estabelecer limites claros do relacionamento entre governo e empresas. E com isso, quem ganha é a sociedade brasileira.

Houve uma falha na conduta e não na qualidade da carne produzida no Brasil.

Como está a situação dos países compradores da carne bovina brasileira? Ainda será sentida a queda nas exportações até o fim do ano, como previu o ministro Blairo Maggi?

Não há dúvidas que sim. Estamos fazendo um trabalho hercúleo para tentar reverter isso, mas não é fácil. Adotamos medidas rápidas, com muita transparência, que foram passadas ao mercado com muita celeridade. Se não fosse isso, teríamos um desastre na economia do país. Agora haverá danos e estamos correndo muito para que sejam o mínimo possível.

Apesar de todos os fatores adversos, espera-se um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 550,43 bilhões em 2017, R$ 22,17 bilhões a mais que o apurado no ano passado, no país. Em Mato Grosso o VBP será 11% maior este ano, com R$ 81,266 bilhões, ante R$ 72,601 bilhões no ano passado. Como o senhor avalia essa expansão econômica na produção do campo este ano?

Haverá danos e estamos correndo muito para que sejam o mínimo possível.

Isso por si só, já demonstra a importância desse setor para a economia do país. Além do mais, um de cada três empregos vem do agronegócio. Quase 23% do PIB brasileiro é gerado pelo agronegócio assim como quase a metade das exportações brasileiras. Portanto, o agronegócio é o país que deu certo. Por isso, enquanto governo precisamos tirar as travas que atrapalham o setor, e é isso que estamos fazendo com o plano de modernização e desburocratização com o programa Agro Mais.

Em relação às reformas em decurso no Congresso Nacional é notória a intensificação da marcha para que mudanças decisivas no Direito Previdenciário, Trabalhista e Tributário modifiquem muitas relações e atos jurídicos no país. Por outro lado, são inúmeros os movimentos que se colocam contrários a essas reformas. O senhor acredita que essa resistência ocorre por que colateralmente às discussões de reformas a Operação Lava Jato vem expondo cada vez mais membros do Legislativo e Executivo, que também são protagonistas das citadas reformas?

Não, isso absolutamente não tem nada a ver. São reformas difíceis, que o país precisa há muito tempo e até então não havia coragem para fazer os enfrentamentos políticos necessários. O que o governo do presidente Michel Temer está fazendo é mostrar que como estão as coisas não podem continuar. As reformas são difíceis porque alguém vai perder em benefício do país. Portanto, em qualquer cenário seriam reformas difíceis, mas acredito que serão possíveis.

Como essas reformas vão auxiliar economicamente o país?

Por meio da redução dos gastos da previdência, no caso da reforma previdenciária. Com isso, vai ter mais recursos para investimentos em infraestrutura, em educação e em saúde, corrigindo uma distorção do sistema previdenciário. Em relação a reforma trabalhista, vai dar mais competitividade as empresas, e aqui a gente não fala em mexer nos direitos adquiridos. Estamos falando em sair da zona de conforto. Não é possível por exemplo, que o Brasil tenha ainda que trabalhar com uma legislação que foi criada décadas atrás. O país já se modernizou, cresceu e a legislação não acompanhou este desenvolvimento. Nossa legislação é engessada. Existem distorções que há muito tempo precisam ser corridas, e isso, para o bem da sociedade brasileira.

Nossa legislação é engessada. Existem distorções que há muito tempo precisam ser corridas, e isso, para o bem da sociedade brasileira.

Quais serão os próximos passos do Mapa em relação a política de expansão do mercado internacional?

Vamos continuar fazendo as missões internacionais. Levando para fora como se faz a produção agrícola no Brasil, como é a pecuária brasileira. Temos que continuar mostrando para o mundo, que além de produzir muito nós também produzimos bem, com sustentabilidade, com responsabilidade social e conscientes do nosso papel de preservação das espécies, do sistema ecológico mundial. Estamos trabalhando para agregar valores a tudo que é produzido no Brasil. Que o mercado lá fora opte pelo Brasil, por entender que estão ajudando na preservação da natureza.

De que forma o senhor avalia Mato Grosso diante de toda essa conjuntura econômica e política?

Mato Grosso é um Estado importantíssimo para a economia brasileira, porque é um produtor agrícola e contribui sobremaneira para os bons índices econômicos da nação.

Quando os brasileiros vão poder respirar em paz e voltar a ler as manchetes: Brasil volta a crescer? O agronegócio vai ser um caminho seguro para isso?

Estamos fazendo de tudo para que isso aconteça o mais rápido possível. E eu não tenho dúvida que a saída para a crise é o Agronegócio. Por isso, o ministro Blairo estabeleceu uma meta bastante ousada, que é sairmos de quase 7%  para 10% de participação no mercado internacional, isso significa dizer que serão mais 30 bilhões injetados na economia do Brasil, gerando emprego, renda e melhorando a qualidade de vida de nosso povo. É isso que vamos fazer: devolver a esperança e alegria para milhares de pessoas, para que possam olhar para o futuro e poder dizer que vão conseguir avançar e crescer. 




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