• Cuiabá, 16 de Abril - 00:00:00

Comunicação de governo

            Nunca os governos erraram tanto na sua comunicação com a sociedade como na última gestão. Perderam completamente o canal com os cidadãos. Vamos no ater ao governo Pedro Taques e depois lançar um olhar sobre o futuro governo Mauro Mendes.

            No governo Pedro Taques a comunicação público errou feio. O tempo inteiro. Tentou criar um governo paralelo fugindo do estilo personalista do governador. A sociedade já não compreende e nem aceita esse modelo de comunicação baseado na publicidade oficial. E a publicidade oficial não muda há décadas. Jovens publicitários criam peças olhando pro livro aprendido na faculdade. Ou copiando velhos exemplos. Repetem e repetem velhos estilos, ainda que utilizando ferramentas da tecnologia digital. Não perceberam uma sociedade que acabou chegando às eleições de 2018 olhando pra frente versus a publicidade pública e a eleitoral olhando pro retrovisor.

            Pedro Taques se comunica bem ao seu modo. É um estilo personalista e real. Imagens voadoras e frases bonitas não o representam. Teria que ser retratado por ele mesmo. E mais: com o mínimo de retoques. O cidadão deste momento entende isso. Chega de filminhos estéticos e vazios. Chega de outdoors e de anúncios produzidos pra ganhar prêmios de publicidade.

            Chegará Mauro Mendes em 2019. Engenheiro pragmático. Empresário objetivo. Fala curta e grossa. Não cabe dentro do figurino publicitário do bom mocinho sorridente que segura crianças no colo e faz disso a sua imagem de governo. O momento pede força. A sociedade quer demonstração de força de caráter e de atitudes. Não é o momento de obras públicas de apresentação pública. Hora de firmeza.

            Talvez quem melhor defina o estilo pragmático de uma nova comunicação de governo no país, seja uma placa de inauguração de obra na suinocultura de Diamantino. Grande empresa com histórico de problemas ambientais por conta de dejetos e mal vista pela sociedade regional. Ela adotou o sistema de biodigestor pra tratar os esgotos, gerar energia e utilizar os efluentes como fertilizante. A placa de inauguração da obra, no fim do governo Blairo Maggi, foi um exemplo de inteligência de comunicação. Trazia o porquê da obra, o quanto ela representava em economia de madeira e outros elementos naturais pra gerar a energia elétrica que tocava todo no complexo. Por fim o custo da obra e o conceito do que ela representava pro meio ambiente e pra sustentabilidade.

            Calculei que aquela placa não passaria se nascesse dentro do departamento de criação de uma agência tradicional de publicidade. Foi um engenheiro quem a produziu.  Dali o conceito de todo o empreendimento foi ampliado. O cidadão de agora quer clareza, não quer ostentação da publicidade governamental cara e ineficiente. Quer o gestor dizendo e garantindo-lhe com o peso da própria imagem a segurança da sua gestão e dos seus compromissos com os eleitores e com os cidadãos.

            Comunicação deixou de ser um setor de governo pra ser um setor da inteligência estratégica desse mesmo governo. Aliás, de qualquer governo. Fora disso, bons prêmios publicitários não garantirão prêmios aos gestores públicos. Eles são o novo centro do poder político, social e gerencial. Publicidade vira só um insumo no meio do caminho.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br           



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