• Cuiabá, 29 de Março - 00:00:00

Nave do caos

            Em 1989 o Brasil viveu a sua primeira eleição pelo voto direto desde 1960, quando elegeu Jânio Quadros presidente da República. Ele renunciou e seu vice João Goulart assumiu e em 1964 foi derrubado elos militares. Em 1989 tivemos o que havia de melhor dos quadros políticos brasileiros disputando a eleição de presidente da República: Fernando Collor, Lula, Ulysses Guimarães, Mario Covas, Paulo Maluf, Guilherme Afif Domingos, Roberto Freire, Aureliano Chaves, Ronaldo Caiado, Afonso Camargo, Eneias, Fernando Gabeira, entre outros. Foram 22 candidatos.

            Em 2018, exatos 29 anos depois, repetiremos a História. Em outras circunstâncias. País naufragado hoje. Naquele tempo o sucessor dos militares, Collor renunciaria e Itamar Franco, o sue vice assumiria. O país não caiu no caos. Como hoje!

            Mas queria mesmo me ater ao estado de Mato Grosso, onde o cenário de composições ainda está completamente nebuloso. Conversei com muitas das principais lideranças políticas ou acompanhei a suas posições. Nenhuma posição definitiva sobre o tabuleiro do xadrez de 2018.

            Em princípio, sujeito a chuvas e trovoadas no cenário não temos quadro construído. O que existe está no campo das possibilidades. O governador Pedro Taques, como candidato nato à reeleição, mas sujeito às próprias chuvas e trovoadas no seu mandato. Desgastes políticos visíveis. De outro, o senador Welinton Fagundes tentando construir uma candidatura no vácuo até que o governador defina a viabilidade da sua candidatura. No lado dos dissidentes há candidatos em potencial, mas também não tem um cenário concreto.

            O leitor perguntaria se isso é ruim. Não é ruim não! Ruim é a unanimidade. Porque nela não existem debates. E política sem debates é ditadura ou monopartidarismo perigoso. O quadro indica hoje a possibilidade de três candidaturas a governador e a acomodação dos outros nomes fortes dentro das duas vagas de senador, que comporta também mais dois suplentes cada. De qualquer modo até o prazo final de julho, data limite das convenções dos partidos, existe tempo e espaço pra todas as acomodações e a construção de candidaturas viáveis.

            Mas não é simples assim. Existe uma sociedade e um eleitor indignado. Querem um bicho com cara conhecida, mas querem também garantias de resultados. Não existe um candidato assim hoje. Terá que ser construído com a matéria prima que temos. O que não temos são partidos consistentes, normas consistentes, programas e ideias consistentes. Se surgirem candidaturas caóticas nas eleições, teremos governo caótico nos próximos 4 anos. O que virá depois? Imagino que uma indignação extrema e perigosa!

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

Onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br



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