• Cuiabá, 17 de Abril - 00:00:00

Pedro Pedrossian

Morreu em Campo Grande na madrugada desta terça-feira o ex-governador Pedro Pedrossian. Ele governou Mato Grosso entre 1966 e 1971. Foi o último governador eleito pelo voto direto antes da Revolução de 1964. Sua origem política era o velho PSD. Formava uma ala dentro do ARENA, o partido oficial criado pelos governos militares.

A outra vertente era a antiga UDN. Rivalizam-se dentro do partido. Pedrossian governou antes da divisão, de um lado representando a região Sul, e de outro as alas do PSD. Era divisionista ferrenho. Foi nomeado e depois eleito governador de Mato Grosso do Sul. Grande líder político há mais de 10 anos entrou no ostracismo. Entrevistei-o em 2000 para o projeto do filme-documentário “A Divisão de Mato Grosso”, do cineasta Joel Leão.

Foi um governador inovador entre 1966-1971. Vindo do período áureo em que as universidades publicas brasileiras formavam pessoas com pensamento nacionalista, promoveu grandes inovações em Mato Grosso. Era um estado muito atrasado naquela época. Quero ater-me a uma estória que contou-me o saudoso professor Aecim Tocantins. Pedrossian foi eleito com votos nas duas regiões do antigo estado. Chegou a Cuiabá depois de eleito e foi recebido no aeroporto pelas autoridades locais e os dirigentes da ARENA. Em fila todos os secretários previamente escolhidos lhe foram apresentados. Restava escolher somente o seu chefe de gabinete.

Não disse nada. Quando tomou posse deu o troco. Criou a Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso a conhecida CODEMAT. Ela podia contratar empréstimos, realizar obras, fazer licitações sob outro molde, ter escolas, ter hospitais. Era um governo paralelo. Chegou a ter mais tratores do que o Departamento de Estradas de Rodagem, mais escolas e hospitais do que o governo.

Na CODEMAT nomeou jovens técnicos vindos de universidades brasileiras com visão nacionalista e de progresso cidadão. A companhia transformou-se no efetivo governo estadual. Os secretários ficaram com suas representações, carros pretos e títulos. O governo funcionava à parte através da CODEMAT. Por conta disso Pedrossian enfrentou grandes crises políticas. Até mesmo um processo de impeachment salvo na última hora por um voto cooptado.

No seu governo nasceu o projeto da Universidade Federal de Mato Grosso. Quando sua gestão acabou, deixou uma legião de seguidores dentro da ARENA, representantes do PSD que mais tarde teriam importante papel na divisão de Mato Grosso. Contra a UDN, naturalmente, que não queria a separação do estado.

Sua morte encerra o ciclo divisionista de Mato Grosso. Foi um período de intensas lutas políticas. Dois governadores mato-grossenses ligados à divisão ainda convivem conosco guardando a memória daquele importante período histórico: Frederico Campos e Júlio Campos. O mais é só História.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onforeribeito@onofreribeiro.com.br   www.onforeriberioo.com.br



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