• Cuiabá, 29 de Março - 00:00:00

A mágica de uma bolinha de gude

É comum que nos apeguemos a objetos, mas, à medida que amadurecemos, percebemos como são pouco relevantes perante a importância da existência em si mesma. O filme francês 'Os Meninos que Enganavam Nazistas', dirigido por Christian Duguay, traz ese ensinamento, entre muitos outros, em meio á Segunda Guerra Mundial.

A narrativa tem como base o livro que Joseph Joffo, sobrevivente do conflito, publicou em 1973. Intitulado 'Un Sac de Billes', narra a sua história de fuga do nazismo com o irmão. As bolinhas de gude, uma delas em especial, funcionam como uma espécie de talismã. Porém, ao saber do falecimento do pai, a passagem para a vida adulta traz transformações.

Uma delas é simplesmente deixar a bolinha de lado. Afinal, o que manteve a família unida foi a capacidade dela se reinventar constantemente, seja mudando de país, seja sabendo os melhores momentos de empreender a sua jornada junta ou separada. Trata-se de um permanente jogo de estratégias para se manter vivo. Um passo em fácil significava a morte.

O relacionamento entre irmãos comove, assim como o modo como lidam com o ambiente hostil. Existe sempre uma maneira bem humorada de trabalhar com o cotidiano, de maneira que o lúdico se faz presente por mais horrível que o entorno se configure. Nesse universo, as bolinhas de gude são necessárias até um momento. Depois, a vida cobra seu preço.

 

Oscar D'Ambrosio é Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.



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