• Cuiabá, 19 de Abril - 00:00:00

Brasil não é para principiantes

             A instabilidade politica brasileira é crônica e atrapalha a vida nacional. Um pouco de história. Volto 87 anos atrás. 

            Em 1930, Getúlio Vargas derruba Washington Luís e assume a presidência da República. Em 1932 houve confronto armado com São Paulo na Revolução Constitucionalista. Em 1934, Vargas continua no poder por votação indireta no Congresso. Em 1937 dá um golpe, cria o Estado Novo e governa ditatorialmente até 1945. Foram 15 anos de anomalia democrática.

            Em 1945 foi eleito presidente o cuiabano Eurico Dutra. Foram quatro anos tranquilos. Em 1950 retorna por eleição Getúlio Vargas. A coisa se complica no plano politico e econômico e ele dá um tiro no peito. O vice-presidente Café Filho foi impedido de assumir o governo. Em seu lugar ficou Nereu Ramos, presidente do Senado. Outra manobra.

            Em 1955 Juscelino Kubistchek assume a presidência por eleição. Outros quatro anos tranquilos. Em 1960 Jânio Quadros é eleito presidente do país. Sete meses depois renuncia à presidência e joga o Brasil num turbilhão politico incrível.

            O vice-presidente era João Goulart. Naquela época se elegia o presidente e o vice em chapas diferentes. Goulart não tinha nenhuma afinidade com o presidente fujão. Como ele havia sido Ministro do Trabalho de Vargas e tinha algumas ideias do peronismo da Argentina, os militares não queriam que ele tomasse posse.

            Cria-se um Parlamentarismo de ocasião e ele fica como presidente decorativo. Em 1963 um plesbicito faz o país voltar ao presidencialismo. A situação política e econômica era dramática, Goulart se joga nos braços da massa e faz propostas que o momento da Guerra Fria não permitia. É derrubado, se instala no país uma ditadura por 21 anos.

            Por eleição indireta num Colégio Eleitoral em 1985, Tancredo Neves é o novo presidente. Na véspera de assumir vai para um hospital, só sai morto. Assume o vice, José Sarney, um dos grandes nomes do regime militar. O que vai provocar acrimonia junto aos que lutaram pela redemocratização dentro do próprio grupo que chega ao poder. Outra confusão.

             Em 1989, ganha a eleição Collor de Mello. Fez estripulias, sofreu um impeachment. Assume seu vice, Itamar Franco,

            Depois vieram os oito anos tranquilos dos governos FHC e Lula. Dilma Rousseff, na sequência, teve uns dois anos de governo sem tantos sacolejos. Depois a economia degringolou, sofreu um impeachment e Temer está cai não cai.

            Se somarmos os anos de bonanças de Dutra, JK, Sarney (apesar da pornográfica hiperinflação), Itamar, FHC, Lula e um pedaço do governo Dilma, teríamos 33 anos de certa tranquilidade política. Os restantes 54, daqueles 87 anos, incluindo dois períodos de ditaduras, foram de tumultos políticos e econômicos.

            Frente a tantos atropelos políticos, o parlamentarismo seria a alternativa correta para o país. Mas você acredita que o brasileiro concordaria em passar o governo para deputados federais? E também porque a maioria sempre acredita no sebastianismo ou no salvador da pátria. De fato, como dizia Tom Jobim, o Brasil não é para principiantes.

 

Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.

E-mail: pox@terra.com.br   site: www.alfredomenezes.com    

 

 

 



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