• Cuiabá, 29 de Março - 00:00:00

O jogo de xadrez do poder

Há quem diga (o jornalista Mauro Santayana) que os flagrantes dados em Temer e Aécio fazem parte de um enredo onde a cena final seria o abatimento de Lula. Eu próprio pensei assim, tão logo fiquei sabendo dos fatos noticiados nos últimos dias, por telefone, não diretamente pelo noticiário.

É como se o anti-petismo estivesse fazendo uma troca, no jogo de xadrez do poder, entregando duas torres, para ver se pega o rei do outro lado, como metaforicamente asseverou Santayana.

Pois, com a investida sobre Temer e Aécio, passa-se uma aparente impressão de isenção e independência da grande imprensa e das operações policiais em curso, preparando terreno para a ataque final, contra Luís Inácio, tendo provas ou não.

Enfim, espera-se apenas que no caso de novas ou velhas acusações, que elas sejam acompanhadas de provas robustas, a exemplo do que se deu com Temer e Aécio, como gravação de áudio das tratativas dalguma maracutaia e imagens das malas de dinheiro passando de mão em mão, com as digitais dos suspeitos e/ou acusados.

No caso de Temer e Aécio, surpreendentemente, apesar de serem pegos no ato, com a boca na botija, sem margem para tergiversação, sendo que um oferecendo aquiescência à captação de juízes e procurador da República, além de à compra do silêncio de Eduardo Cunha, já o outro admitindo explicitamente incorrer em queima de arquivo antes de eventual delação, o primeiro continua na Presidência da República, enquanto que o segundo está livre, leve e solto.

Todo movimento precisa ser interpretado pelo que parece ser, entretanto, sem deixar que a aparência ofusque a essência, ou seja, aquilo que realmente é e deseja quem moveu a peça em busca do cheque-mate.



Paulo Lemos é advogado, palestrante, defensor de direitos humanos e cidadania e acadêmico de psicologia.



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