• Cuiabá, 29 de Março - 00:00:00

Dilemas da Educação Contemporânea

Imagine um quadro-negro de 8 metros de comprimento com montículos de pó de giz acumulado no chão. Essa instalação, chamada 'Sobre este mesmo mundo', da artista plástica mineira Cinthia Marcelle, apresentada na 29ª Bienal de São Paulo, em 2010, constitui um excelente ponto de partida para refletir sobre a vida e a educação contemporâneas.

O trabalho fascina pelos vestígios que ficam na lousa. Estão ali restos apagados de cálculos, desenhos de paisagens, palavras e rabiscos que um dia foram plenamente visíveis e que repousam nos restos de giz esquecidos no chão. É difícil achar algo mais próximo do eterno refazer da vida do que essa imagem.

Podemos considerar a trajetória existencial de cada um justamente como esse processo de escrever sobre uma superfície. O percurso, mais ou menos caótico dependendo o caso, logo desaparece para dar origens a novos caminhos. A metáfora vale também para a própria educação, imersa numa revolução sem volta, mas com destino incerto.

Se alunos não conseguem mais permanecer estáticos ouvindo o professor, o que demanda uma didática mais ativa e participativa, a vida de cada um de nós não pode correr o risco de estar direcionada apenas para apagar lousas e olhar restos de giz acumulado. Construir a própria história, além de ser uma ação de empoderamento, é uma prática do arriscar.

 

Oscar D'Ambrosio é Doutor em Educação, Arte e História da Cultura e Mestre em Artes Visuais, atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.



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